Meus caros, a notícia caiu como uma bomba na tarde de ontem: nosso deputado federal Jean Wyllys está a um passo de perder sua vaga de deputado no Congresso Nacional, por conta de uma decisão do ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello. O ministro é nosso velho conhecido, primo de Fernando Collor de Mello, votou contra a aplicação da Lei da Ficha Limpa, e adora justificar seus votos para a mídia, sempre risonho, adorando a soberba condição de magistrado maior da Nação, eis que também ocupa uma das vagas do Supremo Tribunal Federal. A decisão ainda é liminar, ou seja, ainda está sujeita a confirmação pelo voto dos demais ministros, o que só deve ocorrer ano que vem. Não que o prazo seja uma pressão, uma vez que o novo Congresso só assume no final de janeiro, mas uma coisa ficou clara: forças terríveis estão a um passo de cassar o único deputado federal assumidamente homossexual recém-eleito. Eu achava que a justiça eleitoral já tinha tido tempo mais que suficiente para dar ao eleitorado uma posição definitiva sobre os vencedores, principalmente acerca da contagem de votos, evitando-se surpresas tão suspeitas como essa.
Jean é um cara bárbaro, assumiu-se em pleno programa Big Brother Brasil, não lembro o ano, conseguiu superar todos os preconceitos da população e vencer. Lembro-me de que foi a única edição daquela famigerada competição a que eu assisti, e participei, votando nele pelo computador até dar câimbra no dedo. Quase chorei quando se confirmou a vitória dele, pois foi sem dúvida um marco na luta dos homossexuais no Brasil. Precisamos que isso se repita, precisamos de um homossexual íntegro e competente no Congresso. Temos alguns poucos simpatizantes declarados, mas são poucos. Em contrapartida, temos uma pérola humana como o deputado Bolsonaro, aquele que acha que erro foi torturar e não matar, e que se refere aos homossexuais da pior forma possível. E como ele há outros. Lembro a todos que o PL 122/06 está parado no Congresso, onde seu andamento é sabotado a todo instante por gente como eles. As falas de Bolsonaro não são enquadráveis como crime, ele pode nos denegrir como quiser, e foi reeleito. Em termos de legislação para os homossexuais, o Brasil se equipara à Nigéria, ou a algumas nações muçulmanas, em que todos adoram usar como parâmetro de subdesenvolvimento humano. A decisão sobre a nossa igualdade de direitos está estagnada no Supremo Tribunal Federal. Que dias negros para nós: a onda de violentas agressões homofóbicas só faz crescer, e nossa única proteção é a policial, não a legal. É uma vergonha.
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