Estudante de comunicação na PUC do Rio, Maria Duarte integrou o Projeto Comunicar da universidade, como estagiária, e sua primeira pauta foi a produção de um documentário sobre o período em que, proibido de pintar, Portinari dedicou-se a escrever poesia. A proximidade com João Candido, fonte inesgotável de suas pesquisas, fez com que ele, logo ao saber da formação de Maria, a convidasse para integrar o Projeto Portinari: “Vim para cá enfrentando de cara a pequena missão de fazer o Centenário Portinari acontecer, em 2003. Tínhamos o ano de 2002 para planejar e integrei com o João e duas pessoas da equipe – Luiz Tucherman e Christina Penna – a coordenação do centenário, que acabou virando um biênio, decretado pelo Governo Federal, o Biênio Portinari“. Ainda nas celebrações do biênio, Maria também foi decisiva para viabilizar a conquista de outro marco, a publicação do catálogo raisonné do pintor, em 2004.
Um período de estudos fora do País e a chegada da filha Luiza, afastaram Maria do projeto, em 2007. Mas sua garra e comprometimento a conduziram, dois anos mais tarde, ao maior passo dado por ela: o convite para retornar ao projeto e assumir a direção executiva de Guerra e Paz. Um desafio irrecusável que, com o apoio da construtora Queiroz Galvão, mantenedora do projeto desde 2004, e do BNDES, que financiou os custos para o empréstimo das obras, culminou na exposição dos painéis, em dezembro de 2010, no Theatro Municipal do Rio, mesmo palco em que foram exibidos pela primeira vez, há 54 anos, na noite em que o pintor, enfim, viu os painéis montados e, literalmente, perdeu a voz, por quatro dias. Voltar a viver aquilo, como define Maria, foi uma experiência emocionante, como deverá ser a exposição em São Paulo, possível graças ao apoio da BFRE – Brazilian Finance & Real Estate: “No último dia de exposição, 29 de dezembro, as filas não terminavam e conseguimos prorrogar até 6 de janeiro. No final, foram 13 dias e mais de 40 mil visitantes. Planejamos agora uma itinerância internacional que foge do comum, fizemos escolhas políticas e sociais: Índia, China e Rússia. Dos BRICs, faltou só a África do Sul. Mas o sonho da vida do João é levar Guerra e Paz à Noruega e apresentar os painéis no momento da entrega do Prêmio Nobel da Paz. Em 2013, eles irão para a Rússia e pretendemos fazer uma grande festa popular de despedida aqui no Rio”.
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