Jornalistas também mentem

Não é exagero afirmar que, todo mundo, ao menos uma vez, já contou uma mentirinha inofensiva. O grande problema acontece quando pessoas transformam mentiras em verdades e, de forma tendenciosa ou não, acabam ludibriando a opinião alheia. Pior ainda quando o transmissor da mentira é um jornalista, que, teoricamente, tem total compromisso com a ética e com a verdade.

Nesse 1º de abril, a Brasileiros enumera cinco grandes mentiras do jornalismo, algumas até dignas de Prêmio Pulitzer!

5 – Para começar a lista, lembramos do patético depoimento de dois supostos integrantes do grupo criminoso PCC, o Primeiro Comando da Capital para o Domingo Legal, programa que era apresentado por Gugu Liberato no SBT. Em 7 de setembro de 2003, foi ao ar entrevista do repórter Wagner Maffezoli com dois encapuzados que, entre outras coisas, fizeram ameaças aos apresentadores José Luiz Datena, Marcelo Resende e Oscar Roberto Godói.

A farsa não durou muito, já no dia seguinte todos sabiam que os dois farsantes não faziam parte do PCC e Gugu foi a público se desculpar, mesmo tendo afirmado que não sabia exatamente o conteúdo da reportagem e que apenas confiou em seu repórter.

4 – Stephen Glass não pode ser definido como um jornalista, seu ofício se encaixaria melhor como “mentiroso compulsivo”. Contratado pela conceituada The New Republic quando tinha apenas 23 anos, Glass ficou famoso pelo conteúdo investigativo e exclusivo de suas matérias, além também de sua alta produtividade. Mal sabia a New Republic, os concorrentes e os leitores que, grande parte do que ele escrevia, existia apenas em sua fértil imaginação. Glass era engenhoso em suas mentiras, inventava fontes, forjava entrevistas, criava anotações…

A mascara caiu graças a uma publicação concorrente, a Forbes. Ao tentar entrar em contato com uma fonte citada em matéria de Glass, foi descoberto que essa pessoa não existia. Ao todo, o farsante escreveu 41 artigos durante os três anos em que ficou na publicação, alguns mais irreais, outros menos, mas todos tem um toque da mente fantasiosa de seu autor.

A farsa do mentiroso que se dizia jornalista virou até filme. Shattered Glass: O Preço da Verdade, conta a história dos três anos em que Glass trabalhou ma The New Republic e faz debate sobre a ética no jornalismo.

3 – A mentira criada pela jornalista Janet Cooke a rendeu até um Prêmio Pulitzer, condiderado um dos mais importantes entre a classe. Não é nem preciso falar que quando a falsa reportagem foi descoberta, Janet não só perdeu seu prêmio como também o emprego no Washington Post e a promissora carreira, que ficou completamente manchada.

Ela foi quem assinou a dramática e emocionante matéria “O mundo de Jimmy”. No texto, ela descreve a chocante trajetória de Jimmy, um garoto de apenas 8 anos de idade que já era viciado em heroína. A reportagem chocou os Estados Unidos e rendeu homenagens a coragem de sua autora. O problema foi quando o país inteiro foi atrás do tal do Jimmy para tentar reabilita-lo. O menino simplesmente não existia. Certamente, quem queria desaparecer, como Jimmy, deve ter sido a autora da fantasiosa matéria.

2 – Um caso muito discutido atualmente em aulas universitárias de ética no jornalismo é o da Escola Base, em São Paulo. Denúncias anônimas e rumores não confirmados davam conta de que os alunos estavam sendo abusados pelos donos da escola infantil. A imprensa, em busca de furos de reportagem, acabou se adiantando e deu como certo um fato que ainda não era comprovado. No final das contas, os acusados conseguiram provar sua inocência, os veículos se desculpara mas o estrago já estava feito, a escola fechou e os proprietários afundaram em dívidas.

1 – Encerrando a lista, um caso curioso. Uma novela transmitida pela rádio CBS, em 1938, foi tão detalhada e realista que muitos de seus ouvintes realmente acreditaram que o fato estava acontecendo.

O ator, produtor e diretor Orson Welles narrava uma adaptação de Guerra dos Mundos para o rádio. O problema é que, muitos dos que ligaram o aparelho na metade do programa, acreditaram que se tratava de uma transmissão ao vivo e que alienígenas realmente estavam invadindo o planeta. O pânico foi geral, um episódio que, hoje, se pensarmos, é até um pouco cômico. Não se trata de uma mentira propriamente dita, foi mais um mal-entendido.


Comentários

Uma resposta para “Jornalistas também mentem”

  1. O ÚNICO JORNALISTA QUE NÃO MENTE, É AQUELE QUE ESTÁ MORTO!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.