Caros, é curioso como só agora me dou conta de que continuo na temática religiosa em que entrei na semana santa. Agradeço hoje às minhas fiéis leitoras Ba e Vera, que trouxeram um filme bárbaro para completar o post de quarta-feira, Segredos Íntimos, que aborda homossexualidade feminina e religião judaica. A sinopse é de babar: a filha de um rabino ortodoxo perde a mãe e é rapidamente encaminhada ao seu destino fatal: casar-se com outro rabino e viver uma vida limitadíssima. Ela pede ao pai para, antes, estudar numa escola para moças, onde acaba por se envolver com outras moças e uma mulher mais velha, de passado duvidoso, vivida pela linda Fanny Ardant, que, por razões que só quem viu o filme poderá dizer, torna-se uma candidata ao Tikkun, ritual cabalístico de purificação e reparação da alma. Barbra Streisand já tinha batido fundo na questão do papel da mulher na religião judaica em Yentl, mas pelo visto esse filme vai ainda mais fundo. Não é de se surpreender tanto, se considerarmos que a religião judaica aceita que seus sacerdotes se casem, e aceita mulheres rabinas. Uma delas é listada pela revista Newsweek como uma das mais influentes nos Estados Unidos, chama-se Sharon Kleinbaum, chefe da congregação Beth Simchat Torah de Nova York, é lésbica assumida e vive um casamento de fato com sua companheira. É pouco?
O conceito de Tikkun, pela cabala, é muito semelhante a tudo o que os indianos e os kardecistas explicam como kharma: os erros e faltas que trazemos conosco de vidas passadas para resolver nessa encarnação. Vejam aí tudo o que está se mostrando nas celebrações dos 100 anos de Chico Xavier. Esses sacerdotes atualizados, como Tutu, e esses filmes reveem conceitos religiosos no mínimo ultrapassados, e não apenas para nós, homossexuais. Já falei de cabala, de minha relação com Jesus Cristo, e de minha mestra indiana, Amma. Não existe contradição entre esses caminhos, todos levam à mesma máxima espiritual: amai ao próximo como a si mesmo. Para quem não segue um caminho, ou se sente perdido em algum deles, reitero meu convite para que estudem a cabala, que não é religião mas uma ciência, pragmática, também nos leva ao cerne da espiritualidade, mas sem nos jogar em armadilhas moralistas. É lindo!
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