Julia Roberts: autoparódia no longa Espelho, Espelho Meu

Antes de mais nada, é bom avisar que Espelho, Espelho Meu é, rigorosamente falando, um filme apenas para entreter. Não é para ser levado tão a sério assim, apesar de trazer Julia Roberts, uma das maiores chamarizes de bilheteria de Hollywood, como protagonista, vivendo a Rainha Má. Outro aviso: não pense que vai encontrar aquele clima lírico do famoso desenho animado de Walt Disney, Branca de Neve e os Sete Anões, filmado no longínquo ano de 1937. A pegada é outra.

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Por falar em anões, eles também não foram batizados neste longa com os nomes pelos quais conhecemos:
Soneca, Dengoso, Dunga, Feliz, Atchim, Mestre e Zangado. Viraram Açogueiro, Grim, Tampinha, Napoleão, Lobo, Riso e Rango. A título de informação, é bom que se saiba que a origem do conto é controversa, provavelmente é medieval e foi mantido por tradição oral. Os Irmãos Grimm fizeram um compilação e publicaram a versão que vingou e se tornou célebre. Só que cada roteirista faz o que bem entende dos pormenores da história. Nesta, por exemplo, não há sequer a frase “Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela que eu?”. A resposta do espelho mágico – “Você é bela, rainha, isso é verdade, mas Branca de Neve possui mais beleza” – também ficou de fora.

Essas peculiaridades, no entanto, não são exatamente um problema neste filme. Há até alguns diálogos inspirados proferidos por Julia e por Nathan Lane – uma espécie de Crodoaldo Valério de uma realeza fictícia -, mas apesar do humor negro, a mise-en-scène derruba o filme. A direção de arte e figurinos não chegam a impressionar, e isso é relevante para este tipo de produção. O trabalho ficou num caminho indefinido entre a paródia e o luxo. Há uma restrição de cenários que provocam sensação de deja vu.

O mais bacana do longa é a sutil relação que estabelece com um tema muito caro ao cinema contemporâneo: a superestimada ênfase que se dá ao belo e ao jovem, prerrequisitos que fizeram muitas atrizes a errar na dose de silicone e de várias intervenções cirúrgicas. Julia Roberts até brinca com isso numa cena que fala de rugas e, sim, ela ainda está inteira aos 44 anos.

O filme estreia nos Estados Unidos nesta sexta-feira, e na semana seguinte chega ao Brasil. O interessante é que no segundo semestre está prevista nova produção do conto, com Charlize Theron vivendo a mulher mais linda depois de Branca de Neve – Kristen Stewart, da saga Crepúsculo. Neste caso, a versão promete ser mais dark e sanguinolenta que as demais.


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