Há mais de meio século Evandro Teixeira registra os principais fatos de nossa história. Abaixo a Ditadura Povo no Poder é uma dessas fotos, feita na Cinelândia, durante o discurso do então presidente da União Metropolitana dos Estudantes (UME) Vladimir Palmeira, em 26 de junho de 1968, na Passeata dos 100 Mil, que reuniu estudantes, intelectuais e artistas do Rio de Janeiro em protesto contra a ditadura.

Quarenta anos depois da imagem original nasce o livro 68: Destinos. Passeata dos 100 Mil (Editora Textual). Evandro encontrou e reuniu cem pessoas que aparecem na foto, fotografou-as novamente no mesmo local e registrou seus depoimentos. São relatos emocionantes. Ao longo das 120 páginas do livro, cidadãos anônimos e famosos, protagonistas dos acontecimentos, contam por que estavam na passeata. Eles formam parte do retrato do Brasil durante as últimas quatro décadas. Estão lá Vladimir Palmeira (organizador da passeata), o deputado Fernando Gabeira, a professora Heloísa Buarque de Hollanda, os jornalistas Marcos Sá Corrêa, Augusto Nunes e Fritz Utzeri.
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Por um capricho do destino, naquele momento a foto não foi publicada e só veio a público em 1983, quando Evandro lançou seu primeiro livro (Fotojornalismo). A designer da obra, Elayne Fonseca, se reconheceu na imagem e depois achou o marido – na época da passeata eles não se conheciam. O livro começou então a tomar forma e a meta inicial de 68 pessoas (mesmo número do ano) acabou chegando a cem. Outras 70 pessoas já se encontraram na fotografia, o que poderia gerar um novo livro. “Quando fiz a foto, não imaginei esse resultado”, conta Evandro, hoje com 72 anos e um dos maiores nomes do fotojornalismo brasileiro.

Natural do interior da Bahia e fotógrafo do Jornal do Brasil desde 1962, ele conta que a sua missão naquele dia 26 de junho de 1968 era ficar em cima de Vladimir Palmeira. “Minha incumbência era ficar de olho nele, que poderia ser preso. A gente saiu da Cinelândia, depois desceu a Avenida Rio Branco, o Vladimir falou em frente ao Jornal do Brasil. Aí descemos a Avenida Rio Branco, onde ele falou de novo, depois na Presidente Vargas, na Candelária e, para encerrar, no final da tarde, discursou no Palácio Tiradentes. Aí acabou e ele foi embora.”


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