A juíza Eliana Cassales Tosi de Mello, da 5ª Vara Criminal de Justiça, concedeu uma liminar nesta terça-feira (23) determinando a soltura do policial militar Henrique Dias Bueno de Araújo que estava preso desde a semana passada pela morte do vendedor ambulante Carlos Augusto Muniz Braga, em uma operação para apreender produtos pirateados na Lapa, bairro da região oeste de São Paulo. Araújo deve ser liberado do presídio da Polícia Militar Romão Gomes ainda durante esta tarde.
Segundo a argumentação da magistrada, os fatos de Henrique ter domicílio fixo, ocupação lícita e não ter maus antecedentes são suficientes para que ele responda ao processo em liberdade.
O PM foi preso na noite de quinta-feira (18), algumas horas depois de atirar na cabeça do ambulante, que tentara tirar um spray de pimenta da sua mão durante uma abordagem. Vídeos feitos por pessoas que estavam na confusão foram publicados nas redes sociais momentos após o ocorrido, alguns inclusive com imagens de Braga se contorcendo no chão após o disparo. Ele morreu antes de dar entrada ao Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas. O corpo dele foi enterrado neste domingo (21), em Simplício Mendes, cidade do interior do Piauí onde ele nasceu e onde a família vive. Em entrevista ao portal G1, o pai de Braga, Raimundo Araújo, disse que vai pedir indenização ao Estado de São Paulo pela morte do filho.
“Esse homem que matou meu filho foi covarde e inconsequente. O tiro que ele disparou não matou só meu filho, mas toda a família. Foi o tiro da tragédia. Estamos todos bastante abalados com tudo que aconteceu, meu filho não merecia ter morrido, principalmente por quem deveria dar segurança a todos. A morte do meu filho não vai ficar impune. Queremos Justiça e vamos responsabilizar o autor do tiro e o estado por essa tragédia”, disse ele.
Henrique estava respondendo a processos nas Justiças comum e militar, mas a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça Militar já informou que as acusações que estavam tramitando nos meios militares foram extintas, por causa da ação do Ministério Público de São Paulo, que apresentou acusação de homícidio doloso (quando há intenção de matar) à Justiça do Estado. Em testemunho, o PM disse que o tiro foi acidental, versão mantida também pela Polícia Militar.
Outra morte
Nesta terça-feira (22) a Polícia Militar confirmou também que Henrique Dias Bueno de Araújo matou um morador de rua durante uma abordagem policial há seis meses, mas que, na ocasião, não respondeu a processo interno porque a ação foi considerada “legítima defesa”.
O fato aconteceu em março, durante uma abordagem rotineira na região da Vila Leopoldina, na região oeste da cidade. Henrique e outros policiais pararam um homem que empurrava um caminho de supermercado com carga suspeita, mas o indivíduo fugiu antes mesmo de ser revistado. Na perseguição, o homem retirou um facão e investiu contra os soldados que, então, atiraram. Os disparos de Henrique acertaram nas pernas e no tórax, fazendo com que o rapaz morresse no local.
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