Justiça é só para quem tem bons advogados?

Lei é lei, somos todos iguais perante a lei, a Justiça é cega, decisão do Supremo Tribunal federal não se discute, cumpre-se – tudo isto nós sabemos, estamos cansados de ouvir. Mas dois fatos da realidade me chamaram a atenção nesta quarta-feira para demonstrar que, na prática, a teoria é outra.

Enquanto os altos poderes discutem grampos e algemas, ficamos sabendo que 9 mil presos mofam nas cadeias, mesmo com a pena já cumprida, por falta de advogado que comunique o juiz. Outros 133 mil aguardam julgamento em prisão preventiva.

Mais adiante, nós somos informados que três pobres coitados estão presos por engano, já faz mais de dois anos, por um crime que outra pessoa confessou na sexta-feira passada.

Num País em que o plantonista do Supremo Tribunal Federal faz serão para mandar soltar duas vezes o mesmo preso em apenas 24 horas, como aconteceu outro dia, alguma coisa deve estar errada no nosso sistema Judiciário.

Claro que não é responsabilidade dos nobres ministros do STF a absurda violência praticada pelo Estado durante todo este tempo contra Renato Correia de Brito, William César de Brito Silva e Wagner Conceição da Silva, três jovens presos pelo assassinato de Vanessa Batista de Freitas, que Leandro Basílio Rodrigues, o “maníaco de Guarulhos”, acabou confessando agora ao ser preso.

Também não se pode responsabilizá-los pelos milhares de presos que não são soltos embora já tenham cumprido suas penas e os que, mesmo sem condenação, continuam esperando pela Justiça nas cadeias.

Mas será que os elegantes ministros supremos podem se sentir tranqüilos no seu trabalho e não fazer nada para denunciar um sistema tão injusto em que só aqueles cidadãos com recursos, muitos recursos para contratar bons advogados, são atendidos com presteza pela nossa Justiça?

Sem entrar no mérito dos julgamentos da nossa mais alta Corte, que não estudei para isso, sinto-me cada vez mais indignado com essa história de algemas para uns, que são proibidas para outros, de sermos obrigados a conviver com uma Justiça agilíssima para uns, desumanamente lenta para outras.

Será que nada podemos fazer para acabar com esta iniqüidade?


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