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“Soltem J.! Esta menina só precisa de carinho”, foi o título do post de ontem no Balaio sobre o drama da adolescente de 15 anos presa esta semana como sequestradora, depois que seu pai devolveu o bebê que ela havia levado de uma maternidade, quatro meses após sofrer um aborto.
Menos de 24 horas depois, abro o jornal de domingo e leio esta bela notícia: o plantão judiciário do Tribunal de Justiça mandou soltar J., a menina que estava detida na Fundação Casa, o novo nome da Febem.
Por decisão liminar do desembargador Pedro Menin, acolhendo pedido de habeas corpus da Defensoria Pública, J. poderá agora aguardar seu julgamento em liberdade.
Menin decidiu que “não havia requisitos para manter a jovem recolhida provisoriamente e que o pai da menina havia contribuído com a Justiça ao levá-la para depor na Vara da Infância e na delegacia”, segundo a notícia publicada na Folha.
Faço minhas as palavras do desembargador que, ao contrário do promotor e do juiz que determinaram a prisão da menina, teve sensibilidade para julgar um caso que foge à rotina da fria aplicação das leis. Como escrevi aqui no sábado, em vez de cadeia J., precisa agora do amparo da família e de assistência médica para cuidar das sequelas do aborto.
Como podemos ver pelos comentários publicados, nem todos os leitores concordaram comigo, pois o assunto é mesmo polêmico, não consta dos manuais jurídicos. Chamou-me a atenção, no entanto, o alto nível das manifestações dos leitores, assim como aconteceu ao longo da semana, em que procurei falar de outros assuntos além da campanha eleitoral e do futebol, que sempre despertam mais emoções do que argumentos.
Para um repórter, é sempre bom poder contar uma história com final feliz. J., afinal, vai poder passar o Dia das Mães em sua casa, assim como o recém-nascido que ela havia levado da maternidade, vestindo-se de enfermeira, para fingir que era seu filho.
Bom domingo e boa semana a todos.
Em tempo: viajo amanhã cedo para fazer uma série de reportagens para a Brasileiros sobre o Novo Nordeste, que deve sair na edição de junho. Por isso, a atualização e a moderação de comentários no Balaio estarão prejudicados. Volto no dia 21 de maio
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