Meus caros, São Paulo não pagou o mico de ser a única cidade do mundo a dedicar um dia inteiro ao orgulho heterossexual. Essa seria a resposta perfeita dos conservadores, e héteros enrustidos, aos avanços que obtivemos em termos de direitos e visibilidade nos últimos meses. Como podem ver, sediar a maior parada gay de todo o mundo não é e nunca foi garantia nenhuma de tolerância para conosco, tanto que a Câmara Municipal produziu essa lei teratológica, vergonhosa, e a aprovou! Nosso prefeito solteiro, Celso Kassab, chegou a fazer uma declaração bastante estranha, afirmando que seria uma lei como todas as outras, e etc., o que indicava conivência com o delírio legislativo. Não sei se ele queria, na verdade, assinaturas que respaldassem o partido político que está fundando, e que corre o risco de estar afundando, a cada exame mais acurado da Justiça Eleitoral. De qualquer maneira, aos 46 do segundo tempo, ou seja, quando já aprovada e aplaudida em plenário, a lei foi encaminhada à necessária apreciação do Prefeito que, simplesmente, a vetou, acabou com a farra vergonhosa de nossos probos vereadores. Menos mal para São Paulo, menos mal para o Brasil! Teria sido uma vergonha enorme, mas não foi. O que vocês diriam que foi, marketing político ou apoio verdadeiro à causa? Tanto faz?
A verdade, é que a força da comunidade gay paulistana se faz sentir cada vez mais. Foi de admirar a força com que a comunidade se mobilizou contra o escárnio de uma lei para aplaudir a maioria, aquela que não requer nenhuma atenção especial, que seria, portanto, nada menos que mais uma manifestação pública de preconceito, nada mais do que isso. Existe, e é necessário, o Dia do Orgulho Negro, dia dedicado aos deficientes físicos, e por aí vão. Datas que botam em evidência as minorias se destinam exatamente a protegê-las. Logo, o dia do orgulho branco, além de uma manifestação pública e vergonhosa de racismo, seria absolutamente desnecessário. Marcamos mais um ponto, e temos muitas razões para nos orgulharmos disso. Abraços do Cavalcanti.
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