Nada menos que 59 toneladas de lixo reciclável foram recolhidas em Brasília e nas demais regiões administrativas do Distrito Federal, por cerca de oito mil voluntários, durante a realização do Limpa Brasília – Let’s do it no domingo, 21 de junho. O evento, segundo da série de 10 programados para este ano dentro do movimento Limpa Brasil, uma iniciativa da Atitude Brasil, empresa de comunicação social, cultural e ambiental, com a parceria da UNESCO, e apoio da Brasileiros, entre um grupo representativo de grandes empresas e instituições, como o Banco do Brasil, por exemplo, estabeleceu um recorde, em termos de lixo recolhido: três vezes mais do que as 17 toneladas que 6,5 mil cariocas retiraram das ruas no dia 5 de junho, durante a primeira ação no Brasil.
Entre os milhares de voluntários de Brasília estavam o governador Agnelo Queiroz e o secretário do Meio Ambiente, Eduardo Brandão, que, além de meterem a mão na massa e, efetivamente recolherem lixo espalhado no Parque da Cidade, onde ficava o principal eco-ponto de recebimento do material, anunciaram medidas destinadas a ampliar a coleta seletiva na capital federal e melhorias nas condições de trabalho para as cooperativas de catadores de lixo que trabalham em Brasília.
Foram distribuídos aos voluntários, através de centenas de locais espalhados pelo Distrito Federal, incluindo mais de 160 agencias do Banco do Brasil, 40 mil sacos de lixo fabricados com material biodegradável pela Braskem, entregues no domingo nos eco-pontos distribuídos por Brasília e pelas regiões administrativas. Cada saco cheio de lixo reciclável seria então trocado pelo saco de lixo que servia como ingresso simbólico para o show de Ed Motta, Tijuana e outros, realizado à noite na Esplanada dos Ministérios.
A grande surpresa veio quando foi feita a contabilidade do volume de material sólido, reciclado, recolhido das ruas, parques, praças e casas do Distrito Federal: as 59 toneladas de papel, latas, garrafas e embalagem de plástico e outros resíduos sólidos correspondem a cinco vezes da quantidade de lixo comercial e doméstico que, segundo a Secretaria do Meio Ambiente, é efetivamente reciclada em Brasília diariamente. Segundo a diretora executiva da Atitude Brasil, Marta Rocha, o objetivo fundamental do Limpa Brasil é a educação. “Queremos estimular o cidadão a pensar nas atitudes com o lixo e criar uma nova cultura com relação ao espaço público. Existe uma teoria de um filósofo que diz que, quem aprende a limpar, não suja. Desse modo, pretendemos passar adiante essa lição, buscando estimular todos a viverem sob os conceitos de educação da sustentabilidade”, afirmou Marta Rocha.
O movimento Let’s do it foi idealizado pelo ambientalista Rainer Nõlvak e aconteceu pela primeira vez na Estônia, em 2008. O objetivo era retir das praças, ruas e, especialmente das florestas do país o chamado “lixo histórico”. Para a surpresa geral, a ação foi um sucesso e 50 mil pessoas – quase 2% da população de 3,5 milhões de habitantes – recolheram em cinco horas 10 mil toneladas no pequeno país Báltico. O movimento se repetiu em outros países europeus e acabou sendo trazido por Marta, que considerou a idéia viável de ser implantada no Brasil. “O ângulo, aqui, teria que ser ampliado, pois nosso problema não é somente o lixo histórico, mas também o do presente, do dia-a-dia, e o do futuro”, comentou.
Dentro dessa visão, serão realizadas ações em Goiânia, Campinas, Guarulhos, São Paulo (em quatro fins de semanas seguidos, com as atividades se dividindo pelas quatro macrorregiões da cidade) e Belo Horizonte. Marta Rocha explica que todo o projeto vai durar 10 anos, com as ações se repetindo nas cidades a cada dois anos. Para Tião Santos, presidente da Associação dos Catadores do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, e que se transformou em um ícone da reciclagem de lixo, como um dos protagonistas do multi premiado documentário Lixo Extraordinário, de Vic Muniz, “a educação da população é o passo inicial para que, no futuro, possamos ter uma coleta seletiva eficiente, com aproveitamento máximo , com ganhos econômicos, sociais e ambientais para todos. Exemplos no mundo, há muitos, como em Palma de Mallorca, na Espanha, onde tudo é reaproveitado”, destacou Tião.
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