Literatura: veja aqui oito dicas de livros imperdíveis

caldeira
“Por ordem do marinheiro negro João Cândido,
o Minas Gerais disparou um tiro de canhão
na noite de 22 de novembro de 1910.
O barulho foi ouvido no Clube da Tijuca, acima
do som da orquestra, que tocava um trecho
da ópera Tannhäuser, de Richard Wagner”

O subtítulo resume bem o conteúdo do livro: Ensaios para uma Visão Renovada da História do Brasil. A coletânea, que também  resume bem a carreira  do autor, reúne 15 textos publicados nos últimos 20 anos e um inédito.

Caldeira é jornalista, com passagens pela Folha de S. Paulo e IstoÉ, colaborador da Brasileiros, escritor e doutor em Ciência Política, conhecido por sua biografia Mauá, o Empresário do Império. Recentemente lançou Júlio Mesquita e Seu Tempo. É também sócio-fundador da Editora Mameluco

Nem Céu Nem Inferno
Jorge Caldeira
Três Estrelas, 328 páginas

imperador

“’Finge de morto’, ela disse. Cachorro Branco virou
a cabeça de lado e fechou os olhos. Suas patas ficaram moles. A mulher pegou a pá grande que estava apoiada no tronco da árvore. Ela levantou a pá com as duas mãos e desceu a lâmina de uma vez sobre a cabeça dele”

Durante a Segunda Guerra Mundial, uma mãe e seus dois filhos pequenos são enviados para um campo de concentração no deserto norte-americano, onde estão confinados os japoneses que vivem no país. O marido fora preso meses antes, logo apóso ataque a Pearl Habour.

Assim como no romance O Buda no Sótão, a nipo-americana Otsuka toca num tema delicado, que ainda constrange as autoridades dos EUA. Cerca de 120 mil japoneses ou descendentes, muitos deles cidadãos americanos, foram presos em áreas militares em 1942.

Quando o Imperador Era Divino
Julie Otsuka
Tradução de Lilian Jenkino
Grua, 144 páginas

sinatra

“Só era feliz de verdade quando cantava – e não apenas quando cantava, mas quando cantava bem. Porém, desde o dia em que foi para a Espanha, passaria quase quatro meses sem pisar num palco e quase seis meses sem entrar num estúdio de gravação”

Foram 64 dias – de março a maio de 1871. Paris estava em guerra. De um lado o exército da Terceira República; de outro, os revolucionários communards do governo popular e suas barricadas. Aqui, esta história é contada em detalhes de tirar o fôlego.
 
Nova-iorquino de 64 anos, Kaplan é romancista e jornalista. Começou trabalhando na New Yorker, onde mais tarde teve vários de seus contos publicados. É autor também de Frank:A Voz, em que tratados primeiros anos e da primeira fase de sucessos do cantor.

Sinatra – O Chefão
James Kaplan
Tradução de Denise Bottmann, Claudio Carina e Paulo Geiger
Companhia das Letras, 1.216 páginas

comuna
“A Comuna abolira monopólios e subsídios aos teatros, procurando incentivar a criação de associações cooperativas em vez disso. A Comédie Française fechara na noite de 18 março, dia em que o povo de Montmartre conseguira proteger os canhões da Guarda Nacional das tropas”

Segunda parte da volumosa biografia do cantor, vai do momento em que ele recebe o Oscar de ator coadjuvante por A Um Passo da Eternidade, em 1954, até sua morte, em 1998. O lançamento coincide com o centenário do nascimento de Sinatra.

Professor de História em Yale, Merriman ressalta o quanto a Comuna de Paris contribuiu para várias reformas sociais, como o sindicato de mulheres e a educação primária compulsória. E mostra o massacre criminoso perpetrado pelas tropas governistas.

A Comuna de Paris
John Merriman
Tradução de Bruno Casotti
Anfiteatro, 400 página

assim-comeca

“Eduardo Muriel e Beatriz Noguera tinham três filhos, duas meninas e um menino, e a partir do momento em que me passou pela cabeça a ideia de uma falsa paternidade, comecei a prestar atenção no rosto, nos gestos e no porte deles com um extemporâneo olhar detetivesco”

Na Madri pós-ditadura franquista do início dos anos 1980, período de euforia hedonista, o jovem secretário de um cineasta vê o casamento de seu chefe desmoronar enquanto se envolve perigosamente com um amigo do casal, pediatra algo repulsivo e de passado duvidoso.

Marías é tido como um dos maiores escritores contemporâneos, candidato frequente ao Nobel e elogiado por autores como J.M.Coetzee e Claudio Magris. Sua prosa caudalosa, reflexiva e sempre surpreendente gerou obras-primas como Um Coração Tão Branco.

Assim Começa o Mal
Javier Marías
Tradução de Eduardo Brandão
Companhia das Letras, 520 páginas

estrada

“Hoje as testemunhas se puseram a falar, as pedras
e a terra gritaram. E hoje, perante a consciência comum
do mundo, podemos penetrar, passo a passo, nos
círculos do inferno de Treblinka, diante do qual o inferno
de Dante é um brinquedo inocente e fútil de Satã”

Coletânea com cartas, contos, textos jornalísticos e ensaios do escritor russo. O artigo “Inferno em Treblinka”, dos primeiros, senão o primeiro, a tratar de um campo de extermínio nazista (foi publicado em novembro de 1944), impressiona pela quantidade de detalhes e pontos de vista.

Grossman (1905-1964) é mais conhecido como o autor de Vida e Destino, romance tido como o “Guerra e Paz do século 20.” Mas ele também foi um grande correspondente de guerra, tendo coberto a defesa de Stalingrado, a queda de Berlim e a chegada dos soviéticos em Treblinka.

A Estrada
Vassili Grossman
Tradução de Irineu Franco Perpetuo
Alfaguara, 335 páginas

poesia

“Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria. Deve certamente haver outras maneiras de se salvar uma pessoa, senão estou perdido”

Aqui estão reunidos alguns dos melhores momentos do grande companheiro de Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro na revista Orpheo, base do modernismo português; são contos, poemas em verso e prosa, peças, aforismos e conferências.

Almada Negreiros (1893-1970) foi, de fato, um renascentista insuflado pelo espírito da vanguarda. Era excelente artista plástico, dramaturgo, poeta e conferencista, além de figura historicamente polêmica, por conta de suas ligações com o governo salazarista.

Poesia É Criação – Uma Antologia
José de Almada Negreiros
Ateliê Editorial, 296 páginas

testemunho

“Afinal, como já faz algum tempo que as ninfas abandonaram os bosques, é certo que Z estava sentado e muito preocupado com sua trompa de Eustáquio e com esses maravilhosos túneis anatômicos que ligam os orifícios de uma cara”

Os quatro livros de Pessanha foram reunidos nessa edição essencial: Sabedoria do Nunca, Ignorância do Sempre, Certeza do Agora e Instabilidade Perpétua. São contos, aforismos, ensaios filosóficos, poemas, notas de diários e fragmentos.

Nascido em São Paulo, em 1962, o autor estudou Direito, Filosofia, é mestre em Psicologia e doutorando em Filosofia pela USP. Seus escritos se destacam pelo hibridismo de formas e conteúdo visceral. Já ganharam corpo como performance  e foram encenados no teatro.

Testemunho Transiente
Juliano Garcia Pessanha
Cosac Naify, 320 páginas

 


Comentários

Uma resposta para “Literatura: veja aqui oito dicas de livros imperdíveis”

  1. Avatar de Som Livros usados
    Som Livros usados

    São bons livros realmente. A leitura deles certamente acrescenta na vida de muitas pessoas. Os livros estão ai para serem lidos, basta querer. Aliás, entrar num sebo e garimpar livros usados também se encontra muita coisa interessante.

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