Luiz Chagas: nove discos para ouvir, conhecer e guardar

Coluna_Luiz_Chagas

Mais um mês de coluna dupla. Os independentes fervem. Até a Taylor Swift, aquela que cutucou a Apple, é independente. Mesmo assim os poderosos não se abalam. Recentemente dois CEOs quaisquer disseram em uma premiação que não votariam em ninguém para melhor disco porque ninguém reunia condições mínimas para sair de seu nicho onde deverão permanecer para sempre. Quem gosta de nicho é estátua de santo. E depois dizem que walkingdead não fala!

Foto: Divulgação
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Pop
Norteada pelas canções de Felipe Antunes, guitarra, a banda paulista Vitrola Sintética, com Marcelo Bonin, bateria, Otávio Carvalho, baixo, e Rodrigo Fuji, guitarra e piano, faz um rock sóbrio. Em seu terceiro disco investe na sonoridade tranquila com participações, entre outras, de Maurício Pereira e Gustavo Ruiz (Minha garota), Bárbara Eugênia (Inconsciente inconsistente) e do violinista carioca Pedro Mibielli em várias. Indicado ao Grammy Latino como revelação.Vitrola Sintética – Sintético (independente)

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Casal
O disco comemora 25 anos do Duo Barrenechea, formado pela pianista Lúcia e o flautista Sérgio. Professores, com doutorado nos Estados Unidos, e músicos em atividade, ela de Goiânia ele de Brasília, abrem o disco com Francisco Mignone e o fecham com Ernesto Nazareth, clássicos entremeados por contemporâneos como Ian Guest, Vittor Santos, Liduino Pitombeira e Elenice Maranesi, entre outros. O DVD traz um documentário. Duo Barrenechea – Brasileiríssimo: encontros (independente)

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Trio
Naná Vasconcelos, Paulo Lepetit e Zeca Baleiro trabalharam juntos pela primeira vez no disco registrando o encontro entre o percussionista e Itamar Assumpção (2006). Há dois anos os três se propuseram um trabalho conjunto criando 11 das 13 faixas (há uma parceria Baleiro-Lepetit e a regravação de uma música de Naná e Vinicius Cantuária). É Zeca pontuado luxuosamente por Naná e o baixo inconfundível de Paulinho, que agora canta. Naná Vasconcelos, Paulo Lepetit e Zeca Baleiro – Café no Bule (Selo Sesc)

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Todas
Pianista, compositor de trilhas, produtor, trabalhando com nomes que vão do Trio Mocotó à artista plástica Regina Silveira passando por Kiko Dinucci, Denise Assunção e Ortton (Ortinho), Rogério Rochlitzabandonou os eletrônicos em seu quinto CD. Fez um duo com o violista Ivan Vilela, um trio com o baterista Ramon Montagner e o baixista David Rangel completando um quarteto com os sopros de João Poleto e um quinteto com o violinista Sergei Eleazar deCarvalho. Daí o nome do discaço. Rogerio Rochlitz – 2345 (independente)

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Ícone
 
São décadas de dedicação ao intrincado som do norte do país influenciado pelas Guianas e o Caribe. Nascido na Ilha do Marajó, Manoel Cordeiro que participou de mais de mil discos como produtor, no violão, guitarra e teclados, lança seu primeiro CD solo onde executa magistralmente composições próprias e parcerias com o filho, Felipe Cordeiro co-produtor do trabalho, entre outras. Energizante, fundamental como o próprio Manoel. Manoel Cordeiro – Manoel Cordeiro e Sonora Amazônica (Tratore)

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Muso
Dono de uma voz especialíssima, gaúcho radicado em São Paulo, Filipe Cattoem seu segundo CD mergulhou no Rio chamandoKassin para a produção, Pedro Sá, Domenico Lancellotti e Danilo Andrade para as bases. As participações do tutti fruttiLuisCarlini, dos paraenses Felipe e Manoel Cordeiro (!!) e da carioca Ava Rocha sinalizam o requinte coroado pela escolha do repertório. Composições próprias, pérolas de Caetano e da Gang 90, novidades de Marina Lima, Pedro Luiz e Thalma de Freitas entre outras. Filipe Catto – Tomada (Universal)

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Musa
Karina Buhrbem que estava nos devendo um disco. De 2012 para cá andou ocupada escrevendo, desenhando, compondo, revisitando Itamar e Secos e Molhados. Este terceiro CD compensou a espera. Botou pra quebrar sua banda, Bruno, Mau, André Lima (co-produtores junto com Victor Rice), Scandurra, Guizado e Catatau e pôs a boca do mundo (e música letra no papel), com um sotaque bem Oficina. De quebra, Manoel Cordeiro (!!!), Laura Laviere além de Denise Assunção (!!) e Elke Maravilha na impressionante faixa título. Karina Buhr– Selvática (YB Music)

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Ex- casal
O terceiro disco da banda carioca Letuce foi gravado em São Paulo, o que deve ter contribuído para o clima mais sério ou menos festivo do disco. Mas mesmo separada do inventivo guitarrista LucasVasconcelos o bom humor das letras e da interpretação de Letícia Novaes continua lá. E os teclados de Arthur Braganti, o baixo de Fabio Lima e a bateria de Thomas Harres são a cereja do bolo. Salve-se quem quiser. Letuce – Estilhaça (YB Music)

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Top
Após rodar o Brasil reproduzindo o álbum Dark Side of… do Pink Floyd, o cearense Cidadão Instigado fez a sua obra prima. Apenas Catatau, Clayton e Kalil mantiveram os postos (guitarra, bateria e técnica). Dustan foi para a guitarra, Rian para o violão e Régis para o baixo. Catatau levou três anos para organizar o trabalho. Mas valeu. A música título é antológica. Quarto trabalho em duas décadas de estrada, com a mesma formação e um paulista, Clayton. Cidadão Instigado – Fortaleza (independente)


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