Já começou com o protesto de Paulo Coelho, indignado com a ausência de outros autores que, como ele, impressionam mais pelas vendagens do que pela qualidade de seus livros. Mais adiante Paulo Lins declarou seu apoio à greve dos professores no Rio e surgiu o bate-boca da polêmica sobre as biografias, com os tropicalistas Caetano e Gil no papel dos censores que tanto os perseguiram nos anos 70.
Mas foi mesmo o discurso de Luiz Ruffato, na inauguração do evento, que acordou os presentes da anestesia cordial. No lugar de uma fala anódina e conciliadora, como é de praxe nesses momentos solenes, o autor do excelente Eles eram muitos Cavalos descreveu um Brasil colonizado à base de genocídio e estupro, e denunciou nosso histórico de autoritarismo e desigualdades sociais. Ou seja, um tsunami verbal (e quem há de negar?).
Ziraldo, entre outros, protestou e depois passou mal. Marcelo Mirisola usou o facebook pra expor sua indignação. A ministra Marta Suplicy tentou botar panos quentes. Coube ao vice-presidente Michel Temer o papel inglório de falar na sequência, no que foi vaiado, suscitando a melhor frase dita até agora sobre o episódio. Na abertura da sua mesa, ontem, o escritor Marçal Aquino declarou: “”Sempre vamos preferir um artista que faça política do que um político que faça poesia” A TFP, por sua vez, manda um comunicado à imprensa repudiando o discurso com o proverbial brio reacionário de que é capaz.
Hoje Ruffato deu uma entrevista à Deutsche Welle em que se defende: “Eu só tracei um retrato da sociedade brasileira. Eu vivo nesse país e sei o quanto esse retrato é desagradável, mas é uma declaração de quem ama profundamente o Brasil e quer que ele melhore. Acho perfeitas as reações de discordância, mas fiquei espantado com as agressões. Há muitas na internet, e aqui mesmo, na feira, quase fui agredido fisicamente por brasileiros.”
Leia aqui a entrevista completa.
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