Lula critica incapacidade de líderes políticos europeus de lidar com a crise

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Em evento realizado em São Paulo nesta terça-feira, dia 26, o ex-presidente Lula afirmou que “há uma crise de liderança política na Europa”, e que os representantes políticos do continente “estão aquém da necessidade da União Europeia para tomar as decisões”.

A afirmação foi feita no encontro “Novos Desafios da Sociedade”, que reuniu Lula e o ex-presidente da Espanha, o socialista Felipe Gonzáles, em debate organizado pelo jornal Valor Econômico. Ambos os líderes falaram sobre os fracassos recentes do mundo capitalista desenvolvido, sobre as crises econômica e de governança no continente europeu, e sobre a necessidade de se regular o mercado financeiro global.

Se referindo ao próprio país, Gonzáles afirmou: “A Espanha é o exemplo típico do desastre que é a Europa hoje. A redistribuição do excedente está retrocedendo. Na Espanha, temos desemprego e pobreza.” O motivo principal, segundo ele, é que “estamos confundindo a economia de mercado com uma sociedade de mercado”.

Apesar do tom também crítico, Lula se esforçou para mostrar seu lado otimista, e disse que a crise econômica mundial “aconteceu em momento histórico até necessário, para a gente rever a ideia de que o mercado poderia regular tudo no mundo”. “Quebrou-se a negativa de que o Estado não presta pra nada. A verdade é que, na crise, somente o Estado pode salvar os países”, completou.

Política e sociedade

Gonzáles falou também sobre uma grave crise de governança da democracia representativa. “Quando o presidente dos EUA fala que vai reformar o sistema financeiro, não acreditamos. Agora, se o presidente da China nos diz que vai construir vintes centrais nucleares, por exemplo, todos acreditamos. Porque eles vão e fazem”, disse o espanhol.

Durante todo o debate, os dois líderes ressaltaram a necessidade de a resolução da crise passar pelo plano político, muito mais do que técnico e econômico. “Eu não consigo conceber político ter medo de crise. Político tem que resolver crise”, disse Lula. Ao criticar ONU, OMC e FMI, o ex-presidente afirmou também que falta um órgão de governança global que funcione.

Lula não deixou de lado a preocupação com a pobreza e o bem-estar social. “Ao contrário do Brasil, onde o trabalhador precisa brigar para conquistar direitos, o trabalhador europeu precisa brigar para não perder os direitos conquistados”. E aproveitou para elogiar o programa de distribuição de renda brasileiro: “Sabe quantos trilhões foram gastos na crise europeia? E quanto já custou a guerra do Iraque? Imagina se esse dinheiro fosse usado para um bolsa família mundial, quantas pessoas não poderiam sair da pobreza.”


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