Queridos, desde a última quarta-feira, 27, Curitiba tornou-se capital LGBT do Brasil, hospedando a 5ª Conferência Regional da Associação Internacional de Gays e Lésbicas da América Latina e do Caribe (ILGA-LAC). Tivemos direito à presença do Ministro da Secretaria dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, responsável pelo recente e ousado Plano Nacional de Direitos Humanos 3, além da senadora Fátima Cleide (PT-GO), e o deputado federal José Genoíno (PT-SP). O evento está sendo bárbaro, com  debates  e trabalhos produtivos, gerando bons resultados. Convidado, Lula mandou uma carta aos organizadores explicando sua ausência, por motivo de viagem ao exterior, mas lembrou-se de ressaltar, como feito de seu governo, a elevação ao nível de ministérios das Secretarias Nacionais de Direitos Humanos, de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, e também da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

Nível de ministérios, ok, mas o que fizeram de eficaz? Desculpem-me, mas as entusiasmadas palavras de nosso Presidente, e de seu Ministro Vannuchi, trazendo todas essas siglas e secretarias, nos últimos meses dessa administração, me pareceram ridículas. Seriam pertinentes no início de um governo realmente empenhado em seu sucesso. A verdade é que, em 2010, somados sete anos dessas boas intenções, sequer apoio de base governista para a aprovação da mais elementar lei de proteção contra a homofobia, trazida pelo Projeto de Lei 122/06, nos foi dado, nem mencionado quando foi necessário. Falar agora em união civil, e adoção por homossexuais, nessa reta final de governo, me parece crença de beata – espero estar errado! O louvado PNDH3 avança por tantas áreas, e por tópicos tão delicados, que promete tramitar no Congresso, nesse ano eleitoral, como carro em campo minado. Do texto proposto, veremos o que vai sobrar.

Reconheço que o Governo Federal pode exibir com orgulho a bárbara atuação do Ministério da Saúde no combate e prevenção da AIDS, exemplo para todo o mundo, e me parecem ter saído daí suas notas positivas em Curitiba. Quanto à organização do evento, eu rasgo os maiores elogios. Nossa militância, há tanto tempo desestruturada e anêmica, foi capaz de organizar este belíssimo encontro internacional, padrão nota 10. Precisamos repetir a dose ano que vem. Sucesso inegável de nossa militância, mas, das autoridades, um carnaval oportunista.


Comentários

11 respostas para “Lula lá”

  1. Avatar de Hélio Costa
    Hélio Costa

    Lourenço bem oportuno seu comentário, nesses sete anos do governo a única que se fala é do programa Brasil Sem Homofobia, que não alterou quase nada para os lgbt, sem falar que é apenas um programa e que o próximo presidente pode acabar. Sou eleitor do Lula, mas enquanto gay, me sinto traído neste governo. Cadê as políticas públicas? Se o Lula tivesse interesse o PL 122 já teria sido aprovado, mas eles não querem perder o voto dos evangélicos e nós que é sofremos a falta de uma legislação que nos dê segurança e direitos. Sim, a senadora Fátima Cleide é do PT de Rondônia e não de GO. Abraços.

  2. Meu caro, a nobre colega Iasmim falou e disse. Beijas.

  3. Como sempre, né?

    Tudo bem que ele como presidente não tem tanta força direta na legislação, mas ele poderia se dirigir ao congresso, tentar usar sua influência.

    Um problema do brasileiro é priorizar problemas, como se só fosse possível resolver um problema de cada vez. Assim, quando alguém propõe um trem-bala entre Rio e São Paulo, ouvimos comentários do tipo “com tanta criança sem estudar e tanta gente morrendo na fila de hospital, essa gente fica pensando em trem-bala”.

    Claro que sim! O Brasil é enoooooooooooooorme e suas duas principais cidades estão há 5-6 horas de distância de ônibus. Avião não é uma transporte para muitos passageiros. Um trem de alta velocidade impulsiona negócios, impulsiona turismo, gera empregos, aumenta a arrecadação e ajuda no orçamento para saúde e educação.

    Algo parecido ocorre com essas leis. Se homossexuais pudessem adotar crianças, mais saíram de orfanatos, estudariam em bons colégio e, algumas delas poderiam até cursar engenharia, o que ajudaria a resolver a super demanda por engenheiros que o Brasil terá com as obras do Pré-Sal, da Copa e das Olimpíadas.

    Essa visão estreita do povo brasileiro permite que os políticos sigam com esse “carnaval oportunista”. É uma pena.

    Beijocas

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