Fosse eu um desses blogueiros megalomanícos que se imaginam “formadores de opinião” e se consideram mais importantes do que os fatos, diria que o governo ouviu o apelo da leitora Maria do Socorro de Souza em seu comentário aqui no “Balaio” às 12h06 da última segunda-feira:
“Digam sim à doação, graças a um gesto desses estou viva!”
Maria do Socorro, a partir de matérias que postei no fim de semana sobre a história do transplante de rim entre dois tenentes-coronéis da FAB, de Geraldo Lyra para Davi Castro, falou do seu caso e me alertou que todo dia 26 de setembro, quer dizer, hoje, celebra-se o Dia Nacional da Doação de Orgãos.
Na véspera, o Ministério da Saúde, por uma feliz coincidência, anunciou uma ampla campanha de transplantes de orgãos destacando a importância do tempo para quem aguarda uma doação.
São 71.349 brasileiros que estão neste momento esperando um doador para o transplante que poderá salvar suas vidas.
“Tempo é vida” é o slogan da campanha que conta a história de três transplantados para motivar a população a facilitar a doação de orgãos.
Ficou tudo mais simples e transparente.
Os pacientes que estão na espera poderão acompanhar online pela internet (olha a internet aí!, prestando mais um belo serviço para a transparência e lisura dos procedimentos) o andamento da fila.
Agora, para ser doador, não precisa deixar nenhum documento escrito: basta avisar a família.
Para estimular as doações, os profissionais de saúde receberão um bônus sempre que conseguirem convencer uma família a doar os orgãos do parente falecido: terão o pagamento dobrado.
Será estimulado e ampliado o trabalho das OPOs (Organização de Procura de Órgãos) criadas pelo Ministério da Saúde, que anunciou na quinta-feira mais uma série de medidas para aumentar o número de doadores e apressar as etapas que resultem efetivamente em transplante.
Integradas por médicos, estes grupos identificarão possíveis doadores e repassarão as informações o mais rápido possível para os hospitais. Como diz a campanha, “Tempo é vida”.
As OPOs farão a ligação entre as centrais estaduais de transplantes e os grupos formados em cada hospital.
O governo destinará mais R$ 60 milhões por ano para o trabalho das OPOs, além dos R$ 500 milhões já previstos para a área de transplantes no orçamento.
Os hospitais credenciados para fazer transplantes receberão um reajuste de até 40% no pagamento por seus serviços feito pelo governo federal.
Em resumo: um assunto vital como esse, que andava meio esquecido, restrito à área médica e às famílias dos pacientes que aguardam na fila dos transplantes, agora ganhou a atenção devida do Ministério da Saúde.
E em tempo: enquanto escrevo, chega um e-mail do tenente-coronel aviador Geraldo Lyra, meu bom e velho amigo dos tempos de governo, para informar que seu colega Davi, a quem doou o rim, já teve alta no hospital e está se recuperando em casa.
O Brasil, como se vê, também tem notícias boas.
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