Maior reservatório de água de SP atingiu o menor nível desde sua criação

O Sistema Cantareira, maior reservatório de água de São Paulo, atingiu hoje (10) 19,6% de sua capacidade, o menor nível da história desde sua criação na década de 70. O sistema abastece quase 9 milhões de pessoas na região metropolitana da capital. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), ainda não há desabastecimento e a oferta permanece normal nos 364 municípios atendidos pelo órgão.

Na primeira reunião do comitê formado pelos governos estadual e federal para gerenciar o problema do baixo volume nos reservatórios paulistas, prevista para quarta-feira (12), serão discutidos temas como a mudança na partilha de água feita entre os municípios da região de Campinas, Piracicaba e Limeira e a região metropolitana de São Paulo. Participarão representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), do Departamento Estadual de Água e Energia Elétrica (Daee) e dos comitês de bacias do Alto Tietê e dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.

No mesmo período do ano passado, o volume de armazenamento do Sistema Cantareira chegava a 54,1% do total. A companhia não informou, porém, a partir de que nível pode haver racionamento. Nos dez primeiros dias de fevereiro passado, o índice pluviométrico marcava 97,6 milímetros (mm). No acumulado deste ano, o volume  ficou em 2mm – a média histórica do mês é 206,5 mm.

Conforme estudo técnico do Consórcio PCJ, que opera os reservatórios dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, seriam necessários 1.000 mm de chuva durante 60 dias para que os reservatórios do Sistema Cantareira voltassem a operar com 50% da capacidade de armazenamento. De acordo com o estudo, caso não ocorram alterações no regime de chuvas e de retirada de água dos reservatórios, levará 80 dias para que toda a água do sistema seja consumida.

Pelo menos cinco cidades do interior paulista já anunciaram medidas de racionamento. Em Diadema, a companhia de saneamento iniciou, há cerca de dez dias um rodízio no abastecimento entre bairros. A prefeitura esclareceu que não se trata de racionamento, que só ocorreria se um volume limite fosse fixado para cada família. A manobra está sendo feita porque o calor fez aumentar o consumo d’água, o que demandou maior volume do que o recebido pelos reservatórios.

Valinhos adota o racionamento há três dias. O município foi dividido em sete áreas, de acordo com os dias da semana, e duas ficam sem água duas vezes por semana, em dias intercalados. E podem ser notificadas e multadas, em R$ 336, as pessoas que molharem quintais e jardins ou lavarem calçadas no período de racionamento. Na quinta-feira (13), o Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos vai analisar e quantificar a redução do consumo d’água na cidade. A expectativa é de queda de pelo menos 10%.

A concessionária Águas de Itu também está racionando água no município das 20h às 4h. O objetivo é recuperar o nível dos mananciais, que estão com menos de 10% da capacidade. A situação é mais grave na região de São Miguel, responsável pelo abastecimento da Estação de Tratamento de Pirapitingui, que secou completamente.

Em Vinhedo, o racionamento ocorre desde dezembro. A cidade conta com um sistema de monitoramento que aponta as regiões onde o consumo está acima da média. Tais localidades podem ter o abastecimento suspenso de duas ou três horas, ou até quatro, se a situação for crítica. Em Guarulhos, o revezamento ocorre em seis bairros do município.


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