Meus caros, confesso que estava me contendo, pois sempre gostei do programa CQC, adoro Marcelo Tas, e me divirto com o humor divertido e inteligente deles. Os recentes incidentes envolvendo o humorista Rafinha e Wanessa Camargo, quando o poderoso e impune humorista declarou que “Comeria ela e o bebê”, me chocaram, pois acho que ninguém, na televisão brasileira, jamais foi tão baixo, achando-se engraçado. Pois o próprio Rafinha foi, e bem baixo, delirando a um ponto que demonstra a perda total de parâmetros, um inacreditável “vale tudo” que acomete certas pessoas. Faz sucesso (faz)? Então pode fazer e falar tudo. Certo? Não é bem assim, a lei vale para todos, mas, infelizmente, assim acontece. Ele se apressou a pedir demissão, inevitavelmente o seria, mas não saiu da cena.
Dessa vez, a empresa de comunicação Nextel contratou o famigerado humorista para participar de um show, durante o qual, segundo o site da revista Veja, ele teria afirmado, com todas as letras, que o produto da empresa era usado principalmente por prostitutas e traficantes, razão pela qual “teriam contratado o ator Fábio Assunção como garoto propaganda.”
Assunção teve sérios problemas com drogas, que o levaram a abandonar uma novela na metade da trama, e outra em seus primeiros capítulos. Suas recaídas foram públicas, e ele tornou-se uma referência no uso, e no combate às drogas. Já contei aqui meus próprios problemas com álcool, e sempre manifestei minha admiração por aqueles que se superam no vício. Pois ele se superou, retornou, está fazendo teatro, é um ator brilhante, não chegou onde chegou por outras razões. Fazer uma afirmação como a de Rafinha, que em tudo merece o diminutivo em seu nome, e já maculara o nível de um programa capitaneado pelo genial Marcelo Tas, fere um grande ator como Assunção de forma inacreditável. Só que estamos no Brasil, e aqui algumas pessoas podem tudo.
Acabou? Não, ele consegue se superar cada vez mais. Ao ser indagado pela colunista Mônica Bergamo sobre o incidente, respondeu, por escrito:”Chupa o meu grosso e vascularizado cacete”. Isso pôde ser dito e veiculado.
Só posso fazer dois paralelos de gente que faz e diz aquilo que bem entende, e jamais é atingido pela lei: Paulo Maluf e José Sarney. Poderosíssimo, Sarney conseguiu calar até mesmo um dos maiores jornais do país, o Estado de São Paulo, e se mantém intocável na presidência do Senado Federal, enquanto sua dinastia domina o Estado mais pobre do Brasil há décadas. Paulo Salim Maluf, procurado pela Interpol por lavagem de dinheiro; reconhecido pela Câmara dos Lordes da Grã Bretanha como titular de milhões de dólares escusos, escondidos no paraíso fiscal de Jersey, também. Há décadas ele representa o que temos de pior em nossa política, mas, mesmo com o passaporte apreendido, ainda é uma força política em São Paulo. Sarney. Maluf, e Rafinha: gente que faz e fala o que quer, e que está, sempre, acima da Lei. Quando é que isso vai mudar? Abraços do Cavalcanti
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