Litoral de rara beleza, comparado a um “paraíso na terra” por Américo Vespúcio; águas frequentadas por lendários piratas; entrada de escravos contrabandeados, prosperidade econômica pelo açúcar e café (e consequente degradação ambiental, claro); vila colonial no século 17: alguns dos ingredientes do charme singular de Ilha Bela, no litoral norte paulista.
Nos dias 18,19 e 20 a beleza idílica da ilha ganhou trilha sonora requintada ao receber a primeira edição do Petra Jazz Festival. Em uma tenda montada no centro histórico, a beira-mar, circularam grandes músicos brasileiros e estrangeiros. Divididos num palco principal e um paralelo, o festival apresentou quatro shows diários, sob curadoria do pianista Paulo Braga, criador do Departamento de Música Popular do Conservatório de Tatuí (SP), professor do Departamento de Música da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e também coordenador artístico-pedagógico da Mostra Instrumental EMESP (Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim). Para Braga, a primeira experiência foi além das expectativas. “Eu não conhecia Ilha Bela, e não sabia qual seria o público. Os músicos tiveram total liberdade de fazer seus shows como quiseram, sem ressalvas. E o resultado foi muito positivo”.
A montagem de dois palcos permitiu uma programação dinâmica, alternando momentos particulares, como a apresentação elegante, quase intimista, de Rosa Passos, acompanhada apenas do contra-baixo de Paulo Paulelli, o belo encontro instrumental do quinteto do trompetista Daniel Alcântara, o eletrizante final da apresentação do trio do bandolinista Hamilton de Holanda e o free jazz sem concessões do Bamboo Quarteto.
Sebastian Folledo, da Articular, agência produtora do festival, é frequentador assíduo da ilha e já tinha o projeto aprovado na Lei Rouanet desde 2011, mas somente no final de 2012 conseguiu o apoio da cervejaria Petropólis, detentora da marca Petra. “A proposta do festival é de formação de público. Quem vem não necessariamente conhece essa música e este é um evento aberto, gratuito.”
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No segundo dia de shows, o público teve a oportunidade de ouvir preciosidades de grandes artistas, como o saxofonista e clarinetista cubano Paquito D’Rivera, que tocou acompanhado do Trio Corrente – dos brasileiros Edu Ribeiro (bateria), Paulo Paulelli (baixo) e Fabio Torres (piano). Ao lado do Corrente, Paquito lançou o álbum Song for Maura, com repertório dedicado a grandes compositores e instrumentistas brasileiros, como K-Ximbinho, Pixinguinha, Johnny Alf e Claudio Roditi, entre outros. A noite também foi marcada pela apresentação do quinteto do acordeonista Toninho Ferragutti, que contou com participação sublime do clarinetista Alê Ribeiro. Com integrantes vindos da África, Europa, Américas (incluindo ainda um baiano e uma israelense) o grupo Playing for Change foi uma grata surpresa para o grande público. Contagiou a todos com sua apresentação energética.
O festival teve encerramento no sábado, 20, com as apresentações do trio do bandolinista Hamilton de Hollanda, do Bamboo Quarteto, do guitarrista Edu Negrão, do quinteto do pianista Renato Vasconcellos, e da big band pernambucana Spok Frevo, liderada pelo maestro Inaldo Cavalcante de Albuquerque, o Spok.
Para Braga e Folledo o saldo foi mais que positivo. “Não sabíamos como a cidade ia receber a proposta, pois estamos em férias de julho, quando não há muito movimento por aqui. Mas, deu tudo certo. Veio muita gente de fora e o festival movimentou bastante o comércio da ilha”, comemora o produto. Que venha, então, a segunda edição do festival!
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