Do velho depoimento, novas acusações

Condenado a 40 anos, 4 meses e 6 dias de prisão e mais uma multa de aproximadamente R$ 2,7 milhões por ter sido considerado um dos principais orquestradores do Mensalão, o empresário Marcos Valério Fernandes voltou a ser assunto nesta terça-feira, dia 11. Isso porque o jornal O Estado de São Paulo publicou outro trecho do depoimento secreto dado por Valério à Procuradoria-Geral da República no fim do mês de setembro que vem sendo divulgado aos poucos.

Para dar o depoimento, prestado na ocasião às procuradoras Raquel Branquinho e Cláudia Sampaio, o publicitário teria pedido para ser incluído no programa de proteção à testemunha. Em troca, poderia dar mais detalhes das acusações que faria. Se conquistasse a inclusão no programa, Valério não só se livraria da cadeia como mudaria de nome e passaria a viver em local sigiloso.

No depoimento, o então réu no processo afirmou que o ex-presidente teria usado dinheiro do mensalão para despesas pessoais, mas não deixou claro se Lula tinha ou não conhecimento do esquema de compra de votos. Ele teria dito também que os honorários de seus advogados no processo, que totalizam R$ 4 milhões, teriam sido pagos pelo PT e afirmou ter sofrido ameaças. Segundo ele, em 2005, o ex-coordenador de campanha de Lula, Paulo Okamotto, o procurou e pediu que “se comportasse”.

Apesar da seriedade das denúncias, o depoimento do publicitário foi visto com desconfiança pelo Ministério Público (MP) e os procuradores acreditaram que poderia ser mais uma manobra do “jogador” Marcos Valério para livrar-se da condenação. Valério já havia proposto um acordo de delação premiada ao ex-procurador-geral da República e autor da denúncia sobre o Mensalão, Antonio Fernando de Souza, mas o pedido foi recusado na época porque o depoimento não apresentava nenhuma novidade.

Em resposta a Valério, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, classificou como uma “sucessão de mentiras” as declarações. O dirigente afirmou que o PT não arcou com os honorários dos advogados de Valério e que essa é “mais uma tentativa de incriminar o presidente Lula e de criminalizar o PT”. “A mídia e o Ministério Público não deveriam dar crédito a alguém que, condenado, tenta reduzir suas penas caluniando o PT”, concluiu.

De Paris,  onde está para participar do primeiro dia de seminário organizado por seu instituto e pela Fondation Jean-Jaurès, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o conteúdo das denúncias “é mentira”.


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