Sintética, a afirmação que intitula esta matéria foi expressa hoje por Chico Buarque de Hollanda. Em sua página oficial no Facebook, o cantor e compositor carioca assim se referiu ao fato de, neste sábado (18), uma das maiores intérpretes de seu trabalho autoral completar 70 anos.
Também no Facebook, Gilberto Gil prestou reverência a amiga e parceira de trabalhos célebres, como o espetáculo Arena Canta Bahia (1965) e Doces Bárbaros (1976): “No candomblé quando uma turma sai pra ser iniciada eles chamam aquilo de barco e aquelas pessoas ficam sendo daquele barco. Na música eu sou do barco de Bethânia”. Parabéns querida Maria Bethânia!”, afirmou Gil.
Filha de Seu Zezinho e Dona Canô, nascida em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, a irmã de Caetano Veloso, três anos mais nova que ele, ganhou do menino o nome de batismo. Embora tenham feito a mesma escolha, o ofício musical, Bethânia sempre trilhou seus próprios caminhos.
Artífice da Tropicália, Caetano é artista afeito à formulação estética de sua produção, um compositor cerebral, na melhor acepção do termo. O mesmo vale para Bethânia, como intérprete, mas, ao longo de 34 álbuns de uma discografia exemplar, a cantora se impôs sobretudo pela forte carga emotiva de sua veia cancioneira. Difícil não se comover com muito do que canta Bethânia. Em um País com forte tradição de intérpretes femininas, terra de Elza Soares, Elis Regina, Dóris Monteiro, Claudette Soares e Nana Caymmi, e tantas outras divas da nossa música popular, Bethânia é artista singular, incomparável.
Na página oficial do Facebook da cantora, o jornalista e historiador Rodrigo Faour postou homenagem que reafirma sua integridade artística. “Hoje Maria Bethânia completa 70 anos. Corajosa e coerente, foi sempre ela. Nunca se curvou, nunca se corrompeu. ‘Negar quando a regra é vender’”, disse Faour, em referência a Sonho Impossível, adaptação de Chico e Ruy Guerra para a composição The Impossible Dream – The Quest, do musical O Homem de La Mancha, de Mitch Leigh e Joe Darion.
Mano Caetano (ouça a canção de Jorge Benjor), por meio de sua assessoria, deixou o seguinte comentário na mesma rede social: “#UmAbraçaço super especial para a abelha rainha #MariaBethânia, que completa 70 anos de idade hoje e 51 anos de carreira, esse ano. ‘Pouco antes de eu completar quatro anos de idade, nasceu nossa irmã mais nova, para quem eu escolhera o nome de Maria Bethânia, por causa de uma bela valsa do compositor pernambucano Capiba, que começava com estas linhas majestosas e, à época, indecifráveis para mim: Maria Bethânia, tu és para mim / a senhora do engenho”, e era grande sucesso na segunda metade da década de 1940, na voz potente de Nelson Gonçalves….’ (Caetano Veloso, Verdade Tropical, 1997)”.
Em homenagem à cantora, selecionamos, a seguir, dois grandes momentos do acervo audiovisual de Bethânia, Saravah, do compositor francês Pierre Barouh, filme que também contém depoimentos de Baden Powell, Paulinho da Viola, João da Baiana e Pixinguinha, e o longa-metragem Doces Bárbaros, de Jom Tob Azulay, que documenta a turnê do supergrupo formado, em 1976, por ela, Caetano, Gilberto Gil e Gal Costa.
Doces Bárbaros (1976)
Saravah (1969)
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