Queridos, já cansei de dizer aqui o quanto detesto futebol, ao menos na minha vida quotidiana. Sou corintiano, mas nem sei quando o time joga. Seleção Brasileira, no entanto, é outra coisa, é a Pátria de chuteiras (não me lembro de quem é a frase), tem Hino Nacional antes do jogo, meu coração não aguenta. Lembro-me, ainda, dos rojões com que celebramos a copa de 1970, o tricampeonato que teve até Pelé entre os jogadores. Entrego a idade sem medo, eu ainda ia completar 4 anos em agosto, não acompanhava os jogos, mas amava os rojões. Depois amarguei, com o País inteiro, os 24 anos de jejum, derrota após derrota, até aquele maravilhoso 17 de julho de 1994, quando ganhamos no último jogo, nos pênaltis, aquele chute errado de Roberto Baggio, que jogou a bola para cima da trave, e o grito atolado por tanto tempo saiu da garganta. Nós tivemos de engolir Parreira, e lá estava Romário, desfilando arrogância e antipatia, fazendo de conta que concentração não era para ele, e coisas assim. Dunga, de triste e recente memória, era apenas mais um jogador, e Bebeto brilhava. Sofremos pelas eliminatórias, a campanha até a final não foi desfile de campeão, mas levamos a taça, e o Brasil inteiro chorou, foi inesquecível.
Não sei quantos de vocês eram nascidos ou, talvez, se lembrem apenas dos rojões. A Avenida Paulista foi fechada, e todos corremos para lá, todo mundo celebrando, se abraçando. Vivíamos o começo do Plano Real, com a inflação inacreditavelmente controlada, voltávamos a acreditar no Brasil. Depois, tivemos 1998, com aquela final até hoje mal explicada, Ronaldo retirado da UTI (assim foi dito), e uma derrota inacreditável para a França. Ganhamos o merecido penta em 2002, com Ronaldo fazendo aqueles dois golaços contra uma Alemanha arrogante, cujo goleiro, Kahn, dizia que não passaríamos por ele.
E depois? Decepções. Melhor nem mencionar a Copa do ano passado. Ontem, francamente, foi uma vergonha. Lá estavam Neymar, a grande promessa do momento, e Pato, fofíssimo, que joga bem, e Ganso, afogado (trocadilhos proibidos) no momento errado. Fred (que é um homão) não fez nem a metade do que sabemos que ele faz. Várias bolas na trave, ou voando perto do gol adversário, e o gol não saiu em momento algum. E o vexame dos pênaltis, culpa do gramado? Assim declara desavergonhadamente nosso técnico, como se apenas o Paraguai, guardado o necessário respeito, fosse capaz de superar a barreira do tapetão. Querem saber meu sentimento? Vergonha! Teremos de engolir Mano? Teremos de ser, mais uma vez, esbofeteados pela arrogância da CBF, de Ricardo Teixeira, e nos contentar com a mediocridade? Tudo bem, faltou sorte, e a bola não estava a nosso favor, mas quando estará novamente? Saudades de 1970, de 1994 e de 2002. Deus, mostre novamente o quão brasileiro tu és! Assim, humildemente, te pede o Cavalcanti.
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