Masp divulga carta sobre o Vão Livre

A ideia de “fechar” o Vão Livre do MASP em nome da segurança, já debatida em outros anos e endossada recentemente por um editorial do jornal O Estado de S.Paulo, causou indignação em vários setores da sociedade nas últimas semanas, e se tornou tema de debate na mídia e nas redes sociais. O vão, em plena avenida Paulista, é um dos mais representativos do uso do espaço público em São Paulo, além de símbolo de local democrático na cidade — nesta quarta-feira, inclusive, abriga um protesto para reivindicar moradias populares.

Para deixar o debate ainda mais polêmico, o curador do museu, Teixeira Coelho, publicou texto há cerca de dez dias dizendo que a cidade é muito perigosa e que algo precisava mudar no MASP. Mas não teve coragem de assumir com firmeza sua posição, aparentemente a favor do fechamento do vão, e apenas soltou frases como: “Sonhos viram pesadelos. São Paulo virou um pesadelo sem fim. O vão-livre do MASP que não é do MASP não pode sonhar sozinho. Pode esperar ter o mesmo pesadelo de todos –até que venham soluções fora do comum”.

Agora, dias depois, a instituição divulga mais uma carta em que não mostra posição clara, e diz que “o MASP tem todo o interesse em valorizar o Vão Livre como um local seguro e de continuar colaborando com instituições e entidades de governo, no sentido de garantir sua preservação como um espaço plural e aberto à convivência pacífica e harmoniosa dos cidadãos”. Mesmo “em cima do muro”, o museu parece não querer peitar nenhum lado da história. Talvez por saber que tentar fechar o vão livre concebido por Lina Bardi é uma batalha perdida.

vão
Leia a íntegra da carta: 

 “Em relação aos recentes acontecimentos no Vão Livre do MASP, a direção do Museu vem esclarecer ao seu público:

1. Os espaços identificados como Vão Livre do MASP, compreendendo suas áreas coberta e descoberta, foram especialmente criados para ensejar o lazer da população, a realização de exposições, eventos e acesso coberto aos visitantes do Museu. Neste conceito de liberdade o local se caracterizou como referencial da cidade e principal marco para a realização de manifestações do povo.
2. As áreas do Vão Livre são de propriedade da Municipalidade, que encarregou o MASP da manutenção, limpeza e promoção de eventos de natureza cultural ou social no local. A Municipalidade autoriza o uso aos domingos da área coberta do Vão Livre para a realização de uma feira de antiguidades a qual, embora conhecida como “Feirinha
do MASP”, é efetuada por uma Associação de Comerciantes, sem qualquer participação ou responsabilidade do Museu.
3. Ao contrário do adotado em diversas praças e parques da cidade, os espaços do Vão Livre permanecem abertos durante 24 horas todos os dias e têm sido acessados por pessoas que ali promovem atos de vandalismo, atentados à moral e o uso do local de forma indevida. A segurança e controle de atividades ou atos ilícitos no Vão Livre 
– como em qualquer outra área pública da cidade – cabe única e exclusivamente ao Poder Público, através da Policia Militar, da Guarda Civil Metropolitana e até mesmo, em casos especiais, da Polícia Federal.
4. O MASP é uma associação sem fins econômicos que recebeu da Municipalidade em comodato somente as áreas internas de seu edifício sede, onde zela pela segurança de cerca de 3000 visitantes/dia e pela integridade das obras de arte que compõem o notável acervo do Museu.
5. Neste contexto, enfatizamos que o MASP tem todo o interesse em valorizar o Vão Livre como um local seguro e de continuar colaborando com instituições e entidades de governo, no sentido de garantir sua preservação como um espaço plural e aberto à convivência pacífica e harmoniosa dos cidadãos.
Agradecemos pela atenção. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP”


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