Memorável Niemeyer

Fotos Luiza Sigulem

Projetado por Oscar Niemeyer, o Memorial da América Latina foi nesta quinta-feira, dia 13, o palco do lançamento da nova edição da revista Nossa América, publicação editada pela fundação que gerencia o espaço localizado no bairro da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Em sua nova edição especial, a revista homenageia em 130 páginas a vida e a obra de Niemeyer, falecido aos 104 anos de idade no último dia 5 de dezembro.

Presidente da Fundação Memorial da América Latina, o cineasta João Batista de Andrade iniciou os discursos de abertura do evento, que, além do lançamento da edição especial da publicação, reuniu três diferentes exposições simultâneas sobre o arquiteto. “Estamos aqui sobre este teto criado pelo Niemeyer, e todo o memorial remete ao Niemeyer, então nada mais justo que o homenagearmos neste local”.

Amigo e colega de Niemeyer, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha falou sobre a importância da educação para que o mundo possa continuar revelando talentos artísticos e intelectuais. “É imprescindível que a nossa revolução seja na educação”, afirmou Rocha, muito aplaudido pelos presentes no foyer do Auditório Simón Bolivar, um dos sete prédios desenhados por Niemeyer que compõe o Memorial da América Latina.

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Apesar de lançada oficialmente nesta semana, a ideia da edição especial da Nossa América em homenagem ao arquiteto havia surgido em novembro. “Nós pensamos em fazer uma homenagem quando ele foi internado, esperando que ele saísse do hospital. A revista tinha acabado de sair da gráfica quando ele faleceu, mas nós quisemos conservar a ideia de fazer uma homenagem a vida dele, a obra dele, como cidadão e como artista”, explicou João Baptista de Andrade em entrevista à Brasileiros.

Com a morte do arquiteto, a Fundação decidiu realizar uma homenagem ainda mais elaborada ao legado de Niemeyer. A primeira ideia surgiu de Gonçalo Júnior, Diretor de Comunicação da fundação, que convidou caricaturistas para retratarem a vida e a obra de Niemeyer Com curadoria do artista gráfico José Alberto Lovreto, o Jal, a mostra “Nosso Oscar Niemeyer” reúne 73 desenhos organizados pela Associação dos Cartunistas do Brasil.

Outra iniciativa que compõe a homenagem é a exposição “Poesia Concreta Invisível”, resumo de todas as mostras sobre o arquiteto já expostas no Memorial da América Latina, bem como a exposição “Mão da América”, onde artistas plásticos foram convidados a criar obras tendo como base uma réplica da famosa escultura “Mão”. O evento de lançamento também recebeu uma performance da artista Sissi Fonseca, que utilizou objetos e sua expressão corporal para abordar a beleza e representatividade das obras e curvas projetadas pelo arquiteto.

Editora executiva da revista Nossa América e da ARTE!Brasileiros, Leonor Amarante também falou sobre a importância da publicação e a relação da revista editada pela Fundação com seu criador. “Essa revista foi fundada por ele, foi pensada por ele e pelo Darcy Ribeiro, um grande antropólogo, todo o projeto arquitetônico do memorial é do Oscar Niemeyer e todo o conceito intelectual do memorial é do Darcy Ribeiro”, disse ela, que revelou os bastidores da criação da edição especial. “Foi uma loucura, nós fizemos em dez dias. Era uma coisa de chegar seis horas da manhã e sair nove horas da noite, eu e minha equipe, pessoas que deram o sangue, gente super jovem que abraçou a ideia e permitiu que esse trabalho fosse feito”.

Para João Batista de Andrade, o legado do arquiteto e artista vai além de suas obras. Segundo o presidente da Fundação Memorial da América Latina, as lições deixadas pelo arquiteto estão no modo como viveu sua vida e concebeu seu trabalho. “Ele deu um exemplo de uma pessoa que acreditava muito na vida, no futuro, não era um cara voltado para o passado, pelo contrário, era voltado para o futuro. Ele sempre estará presente na arquitetura brasileira, inclusive como artista, dizendo que o belo é fundamental na arquitetura, embora você tenha que seguir as regras de estrutura. Acho que isso é uma barca muito grande que vai ficar na arquitetura brasileira, uma das muitas coisas que ele deixou”.


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