Menos uma nas bancas

Meus caros, rumores sobre o fim da revista gay norte americana Advocate, uma das mais tradicionais de todo mundo, já correm há algum tempo, mas parece que dessa vez é definitivo. Por que razão uma revista com esse histórico fecha as portas, num momento em que o fenômeno gay está efervescendo no mundo inteiro? Eu acho que é exatamente a visibilidade que alcançamos nos últimos anos que está tirando esse segmento de mercado, ninguém mais precisa recorrer a uma revista como a Advocate para ler sobre nosso mundo. Vejam o que aconteceu com as livrarias gays que havia em Nova York, lembro-me especialmente da fofíssima Oscar Wilde, que fecharam as portas, pois grandes livrarias, como a Barnes & Noble, encheram prateleiras e mais prateleiras com livros para homossexuais, acabando com o nicho do gueto. Muito da vida gay deixou de ser confinada a estabelecimentos e locais definidos, isso mostra um enorme avanço da sociedade, e quem não acompanhou, saiu de cena.

No Brasil, uma única revista gay séria e de bom nível sobreviveu, a Junior, editada pelo pessoal do Mix Brasil, de André Fischer. A revista DOM, que tinha um belo projeto gráfico, botou nas capas gatões de televisão como o delicioso Malvino Salvador e Reynaldo Gianecchini, deve ter investido uma fábula nisso, já saiu de circulação. Lembro-me que houve uma certa discussão sobre se haveria ou não espaço para mais de uma publicação no Brasil, e provou-se que não.

São poucas as boas revistas gays mundo afora, eu acho a francesa Têtu, sustentada por um forte grupo financeiro, a melhor delas, mas lembro a também francesa Preff, e a inglesa Attitude. Por quanto tempo sobreviverão? Sabe-se lá, vamos ver. Muito desse fenômeno editorial tem a ver, certamente, com os grandes portais de internet, e o portal da própria Advocate é bárbaro, como também o da Têtu, e o do próprio Mix. Quem tem tudo isso dentro de casa, atualizado online, vai comprar revista por que? Isso também é nova era.


Comentários

7 respostas para “Menos uma nas bancas”

  1. Lourenço,

    Além do espaço que se abre para os homossexuais, o mercado editorial anda em baixa pelo mundo todo.

    Vários dos grandes jornais têm passado por maus bocados.

    O mesmo acontece com a música. Aqui pelo Rio, as lojas de CDs sumiram. Existem pouquíssimas e são aquelas especializadas.

    O mesmo ocorreu com as lojas que vendiam e revelavam filmes.

    As mídias estão mudando muito rápido. Quem não se atualiza, pula (ou é empurrado para) fora.

    Beijocas

  2. Meu caro, ainda assim eu nunca vi ninguém folheando os tais livros na Cultura. Em compensação dia desses peguei Caçadores de Vampiras Lésbicas (pearl!) na locadora . A atendente estranhou, porque eu sou mais dos clássicos, e fez uma gracinha. E eu: preciso aprender para o dia em que eu virar vampira. Ela ficou sem graça. Eh, eh, eh… Beijas.

    1. A DO REI

      É na cabeça de uma figura dessas que um desajustado deveria bater com o taco de baiseball, mas, vampira mesmo, não será jamais. Desista.
      Bjs

  3. Meu caro, por um lado é bem legal a B&N e a nossa por ora mais tímida Livraria Cultura abrirem estantes para publicações de interesse específico dos gays. Isso que você falou do fim do gueto. Por outro, bem que tinham seu charme as livrarias pequenas, com um cafezinho anexo, onde era certeza a gente encontrar alguém interessante (eh, eh, eh…). Mas a vida é assim. Para gays, crianças, intelectuais, aposentados, não importa. As livrarias pequenas estão em extinção. Beijas.

    1. Ba
      Nós estamos em extinção… pessoas que se lembram daqueles bons momentos, que enxergam a beleza da vida no cafezinho em anexo, as pessoas interessantes estão em extinção. Mas veja você qual o espaço dado pela nossa livraria Cultura aos livros gays – estão no segundo piso do espaço de artes, na frente da principal… Falta de livros?
      Beijas.

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