Nascido em 1954, o paranaense Valdir Cruz partiu para os Estados Unidos, em 1978, e se consolidou como um de nossos mais importantes fotógrafos. Das lembranças dos mais de 20 anos de juventude vividos no Brasil, a paisagem bucólica de sua Guarapuava jamais saiu de sua cabeça. Tampouco as ameaças sofridas por ela. A extração indiscriminada de madeira, a voracidade da agricultura e da pecuária e a poluição das águas dos rios do Sul, vitimados pela busca frenética de metais preciosos, sempre o inquietou. A partir de 1982, Cruz passou a se dedicar à fotografia e estabeleceu trânsito frequente entre os dois países. Fez de sua câmera um instrumento de denúncia da nefasta ação do homem sobre os recursos naturais do planeta. Muito além da denúncia, ele procurou encontrar, em tribos indígenas e povos tradicionais, paradigmas imagéticos de convívio harmônico e simbiótico entre homem e natureza.
Autodidata, Cruz trabalhou com grandes mestres da fotografia, como os americanos Edward Steichen e George Tice – de quem foi assistente – e o alemão radicado nos Estados Unidos Horst P. Horst. Ao longo de quase três décadas de carreira, tem pautado seu trabalho por valores éticos e humanísticos. Suas fotos fazem parte do acervo de alguns dos mais importantes museus do mundo como o MoMa – Museum of Modern Art, de Nova York, e o Smithsonian Institution, em Washington D.C. Em 1996, o fotógrafo conquistou uma bolsa da Fundação Guggenheim e mergulhou de cabeça em uma expedição amazônica, iniciada dois anos antes, que resultou no livro Faces da Floresta: os Yanomami, publicado em 2004 pela Cosac Naify.
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Até 15 de janeiro de 2011, a galeria Lourdina Jean Rabieh sediará em São Paulo a exposição Bonito. A mostra reunirá 25 das 45 imagens em preto e branco, clicadas pelo fotógrafo para o livro Bonito, Confins do Novo Mundo, que será lançado na abertura da exposição. Para quem está acostumado com as imagens turísticas desse paraíso terreno infiltrado na Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, um aviso: as fotos de Cruz fazem um convite à interpretação subjetiva. Saem as cores exuberantes, entram os altos contrastes de preto e branco e as abstrações usuais do olhar de Cruz. De março a maio desse ano, a Pinacoteca do Estado sediou outra grande exposição do fotógrafo, intitulada Árvores de São Paulo. As 30 imagens que compuseram essa mostra acabam de ser adquiridas pelo governo paulista e integram a galeria que o Acervo do Palácio apresenta no 1º andar do Palácio dos Bandeirantes. De terça a domingo, a galeria estará aberta para visitação pública gratuita.
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