Merkén traz mistura virtuosa de ritmos latino-americanos ao Encontro

Uma das boas surpresas do 12º Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros não vem do Parque Nacional nem de seus entornos. Eles são os chilenos do Merkén, que fazem uma mistura virtuosa de ritmos latino-americanos e surpreendeu o público na quinta-feira, dia 26.

Apesar de encurtada pelo atraso do grupo Catiteiros do Araguaia, que se apresentou antes do Merkén,  a banda do foi muito elogiada pelo público. Na sexta-feira, dia 27, os membros que caminhavam pelas ruas de terra de São Jorge eram elogiados de forma efusiva em portuñol ou em português mesmo, que eles se esforçavam para entender e falar.

Por conta dos problemas em sua primeira apresentação, o Mérken volta neste sábado, dia 28, em um show não programado como atração “extra” do Encontro. Na quinta a Brasileiros com Felipe Valdés, um dos oito integrantes da banda, sobre música, cultura indígena e Violeta Parra.

Como se formou a banda?

Fomos nos conhecendo no conservatório da Universidad do Chile, no começo dos anos 2000. Eramos um grupo de pessoas com interesses comuns: música, diversidade e América Latina. A banda veio neste esteio.

As suas músicas têm grande varição estilística, como se cada uma falasse uma “língua” da América Latina. Isso é proposital?

Não vejo desta forma. Existem variações, e algumas músicas são mais “puxadas” para um ritmo, mas acho que conseguimos fazer uma boa mistura em todo o trabalho, e isso é muito bom.

Senti  uma influência grande da música brasileira em algumas canções. O que você gosta de ouvir por aqui?

Eu sou fã da Bossa Nova. Tom Jobim, Vinícius. Também sou apaixonado por Chico Buarque. E gosto muito do Toquinho. Tive a oportunidade de tocar em São Paulo no ano passado e me impressionou como os brasileiros são nacionalistas em relação a sua música. No Chile os ritmos locais são muito ignorados. Aqui há bares que tocam apenas música brasileira. Isso é sensacional.

Vocês tocaram uma música de uma das grandes cantoras do Chile, Violeta Parra, qual a influência dela no trabalho da Merkén?

Total. Violeta foi a primeira estudiosa de música no Chile a pegar os ritmos locais e tentar fazer uma mistura com as influências europeias e dos Estados Unidos. Nós fazemos exatamente isso. Tocamos a zampoña (flauta tradicional andina), mas também tocamos o saxofone.

O que está achando do Encontro de Culturas?

Maravilhoso. Isso não existe no Chile. Não existe nada parecido, na verdade. A colonização foi muito cruel com os indígenas chilenos. Hoje só existem os mapuches, e mesmo assim isolados e ignorados, com sua cultura retalhada. Não existe no Chile, como aqui, tribos que mantém tão vivas suas tradições. Nós respeitamos muito os mapuches, há uma influência tremenda de sua música em nosso trabalho. Merkén, aliás, é um tipo de pimenta mapuche.


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