Eu estou repetindo o tema, cinema e esportistas, mas os personagens justificam. Acho melhor falar deles do que das cantoras drogadas do mundo pop. O documentário Senna, que conta história dessa figura mitológica, desse exemplo de homem, estreia no Brasil em novembro. Eu sou fascinado por ele. Alguns momentos especiais marcaram minha vida: ter ouvido Elis Regina cantar, ter cantado com Fred Mercury no Estádio do Morumbi, e ter assistido, lá em Interlagos, à vitória dele, em 1991. Torci desesperadamente por ele, e chorei muito quando ele ganhou. Ele era um piloto fantástico, provou isso com três campeonatos mundiais, com vitórias inesquecíveis. Foi eleito pelos próprios colegas como o melhor piloto de todos os tempos. Eu nunca mais assisti a uma prova de Fórmula 1 desde aquele terrível dia 1º de maio de 1994, quando vi o acidente pela televisão. Para mim esse esporte acabou, e tenho até mais razões para isso, com as jogadas da Ferrari, que não deixa o melhor ganhar, com coisas como a safadeza de Nelsinho Piquet ano passado, e por aí vai.
Ontem falei de um esportista que se perdeu na vida pessoal, e temos vários deles se perdendo mundo afora. Senna foi grande nas pistas e fora delas, ninguém nunca ouviu falar de um escândalo na vida pessoal dele, era discreto. Quando morreu, descobriu-se que ele tinha doado um equipamento caríssimo ao Hospital das Clínicas de São Paulo, mas proibira a divulgação desse fato, não queria fazer propaganda de si mesmo com isso. Vocês conhecem outro homem assim? O Instituto Ayrton Senna é um exemplo de ONG no mundo inteiro, foi criado com boa parte da fortuna que ele deixou ao morrer. O documentário vai estrear no Japão, não no Brasil, e isso talvez se deva ao fato de Senna ser um ídolo lá, como é aqui. Muitos executivos japoneses que vêm ao Brasil a trabalho pedem para ir ao cemitério para homenageá-lo.
A sexualidade dele sempre foi objeto de todo tipo de especulação, fofoca, e maldade. Ele era gay? Dezesseis anos depois de sua morte, nenhuma prova, nada, mostrou que fosse ou não – ele namorava a Adriana Galisteu ao morrer. Como gay, eu adoraria ter ele no meu time, mas acho indigno, sacanagem mesmo, invadir a vida pessoal do meu ídolo, ela não nos pertence, isso é um detalhe menor na vida de alguém que foi muito, muito maior. Que se dê importância a aquilo que é importante. E vamos esperar pelo filme. Abraços do Cavalcanti.
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