Michael, meu herói no vôlei

Meus caros, testosterona é o que não falta na final da Superliga Masculina de Vôlei. Falo principalmente do meio-de-rede do Vôlei Futuro Michael, homossexual assumido, que arcou com o ônus de sua orientação sexual diante de cerca de três mil pessoas, em jogo tumultuado. Os ataques vieram, primeiramente, dos atletas do time adversário, o Sada/Cruzeiros de Minas, o que seria de se esperar em uma disputa esportiva, não tivessem extrapolado para o lado pessoal, e encorajado o coro da torcida que lotava o estádio de Contagem (MG). “Bicha” e “gay” foram os termos mais suaves, gritados a plenos pulmões por todos, fossem homens, mulheres, ou crianças, valia tudo. O azar deles (sorte nossa?) foi a presença da televisão, que mostrou as cenas, exibidas ontem por todos os canais de televisão. Inegável a homofobia coletiva, encorajada por um time de vôlei, do qual não apenas se espera, mas se deve, exigir o respeito pessoal pelo atleta, proibida a discriminação por conta de orientação sexual. Assim está escrito no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, legislação  aplicada pela justiça desportiva. As providências perante o STJD já foram tomadas pelo Vôlei Futuro, vamos ver no que dá essa confusão. Michael declarou sua sexualidade a todos os veículos de imprensa, confirmou que não apenas sua família, como todos os demais colegas de time, sempre souberam que ele é gay, e que isso nunca fez diferença. Mas uma coisa eu vou dizer-lhes: sexualidade à parte, esse cara é muito homem.

No mundo do futebol, Richarlyson sempre teve a coragem de enfrentar agressões até mesmo da torcida do próprio time. Nunca se expôs declarando-se gay, coisa que o mundo inteiro sabe. Não podemos condená-lo, é de âmbito pessoal, ele e seu time têm lá suas relações com patrocinadores, não posso condená-lo. Lembro, no entanto, das declarações do grande Raí sobre o preconceito no futebol, e os excelentes exemplos que nos chegam da Europa, com o Paris Foot Gay, time mínimo, mas apoiado publicamente pelo Paris Saint-Germain.

Se Michael está jogando as finais da Superliga, é por ser um dos melhores jogadores do Brasil, no que tem o respeito e a consideração de todos os seus colegas de time. Joga por terra qualquer dúvida sobre a possibilidade de um homossexual interagir com colegas heterossexuais, e de conseguir botar toda a força de sua testosterona na atividade de atleta. Mas, vejam vocês a diferença que faz: a legislação específica a ser aplicada ao seu caso proíbe a discriminação por conta de sexualidade. O já repudiado deputado federal Jair Bolsonaro pode dizer o absurdo que quiser contra homossexuais, mas não existe lei que cale. Paradoxo total: onde se testemunha a pior discriminação, tem-se lei contra ela. Ao menos lá, já é alguma coisa. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

4 respostas para “Michael, meu herói no vôlei”

  1. Amigo Lou,

    Aproveito a carona neste comentário para divulgar mais dois “bolsonaros”, agora de minha terra, BH:
    http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=167915,OTE

    Nunca o assunto homossexualidade ou homossexualismo (como insistem alguns ignorantes no assunto) esteve tão em voga como agora!!

    Confesso e torço que esta movimentação toda sirva de sinais para os projetos em pauta nas várias esferas de nosso poder.

    Infelizmente, fiquei com vergonha destes deputados!

    Abraços!

    Gus
    de BH sem Homofobia

    1. Gus querido, gente que nos dá vergonha em Brasília temos de sobra, eu queria mesmo era lafar de qem nos possa dar orgulho! Me ajudas?
      Bjs do Lourenço

  2. Meu caro, eu penso, penso, e não chego a uma conclusão. Por que as pessoas se importam tanto com quem fica com quem enquanto o mundo se afunda em ignorância, pobreza, violência e devastação ambiental? Parece que todos pararam na 6a. série. Beijas.

    1. Baronesa, destes a resposta: é por isso que o mundo se afunda nas mazelas descritas. 6ª série? nem chegaram lá!
      Abs

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