Como faço todos os janeiros, asssisti a vários jogos da Copa São Paulo no começo do ano. Ver a molecada jogando é o que tem de melhor para quem gosta de futebol. É bola pra frente, sem medo de driblar e ousar, com alegria no pé, chutar de qualquer lugar, brincar com a bola, buscar sempre o gol.
Aí começa o Campeonato Paulista de profissionais e é aquele velho ramerão de sempre, o futebol burocrático e medroso dos “professores” que entram em campo para “buscar o resultado”, apenas para cumprir a tabela.
A única exceção, a grande novidade do futebol paulista e brasileiro, é esse fantástico time do Santos, que o humilde e competente Dorival Júnior montou sem gastar milhões nem contratar veteranos medalhões, apenas abrindo espaço para a molecada que já estava lá. E, ainda por cima, trouxe de volta Robinho, a melhor expressão dos “Meninos da Vila” que encantaram as platéias anos atrás.
Líder disparado do Paulistão, seis pontos à frente do Corinthians, oito do São Paulo e nove do Palmeiras, com 27 gols em dez jogos, o Santos está sobrando em campo.
Só a dupla Neymar e Ganso já marcou 13 gols, mais do que os ataques da maioria dos times grandes e pequenos deste campeonato (o iG nesta terça-feira informa na capa que cada gol de Ronalducho no Corinthians sai pela bagatela de 232 mil reais).
O Santos foi na contramão dos outros times grandes de São Paulo: valorizou e promoveu seus jogadores da base, deu liberdade a eles para jogar bola, sem a camisa de força dos retranqueiros de salários milionários. De um ano para outro, virou outro time – um grande time, que lembra os bons tempos do clube de Vila Belmiro.
Enquanto isso, o São Paulo, que foi campeão da Copinha, já contratou 11 jogadores este ano, a grande maioria meia boca, não promoveu ninguém dos juvenis e até hoje sua torcida não sabe qual é o time titular.
O Corinthians, que continua gastando o que não tem, mais preocupado com o marketing e a festa do centenário do que com o futebol propriamente dito, também prefere investir em jogadores já em fim de carreira do que dar uma chance aos meninos das equipes de base.
O mesmo acontece com o Palmeiras, que vai amontoando jogadores no elenco, e ocupa um honroso oitavo lugar na tabela. Pode ser que agora, com Antonio Carlos, já sabendo que o clube, cada vez mais endividado, não vai contratar mais ninguém, o time abra vagas para seus jovens talentos, que também não faltam no Parque Antártica, como vi na Copa São Paulo.
Este ano, se nada mudar nos três grandes da Capital, vamos ter no Paulistão um choque de gerações: o futebol moleque do Santos contra o velho futebol de masters dos outros grandes. Quem vocês acham que vai ganhar?
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