Moleque campeão mundial, Medina também é skate

Gabriel Medina assistiu neste fim de semana ao  Rio Bowl Jam – primeira etapa do ano do Mundial de Skate Bowl-, cujo campeão foi o brasileirosPedro Barros. Longe das parias, ele passou calor no campeonato, e sua presença chamou à atenção dos fãs. Ele é fã da prancha com rodinhas e ficou na torcida, derretendo no calor do Rio, pelos brasileiros que estavam na competição. Esse moleque é fera, é o nosso campeão. Vamos relembrar os feitos de Medina e sua incrível conquista no Mundial de Surf.

Pouca gente estava ligada em surfe, em campeonato mundial, até Gabriel Medina desbancar uns figurões meio desconhecidos para o público geral. Mas agora muita gente sabe quem é Gabriel e quem ele abateu em ondas havaianas, durante o Campeonato Mundial WCT: o norte-americano Kelly Slater, que ostenta 11 títulos, e o australiano Mick Fanning, que é tetracampeão.

Na última etapa do circuito, apenas os três surfis- tas estavam na disputa pelo título. Medina foi o melhor, levou o troféu e se consagrou como o primeiro brasileiro a subir no pódio principal do surfe mundial. “Eu não sei exatamente o que dizer. Amo essa torcida, quero muito celebrar com todas essas pessoas, com meu pai e minha mãe. Eu sonhava com isso e agora virou realidade”, comemorou, ainda na areia.


Foto: Kirstin Scholtz
Foto: Kirstin Scholtz


Nascido em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, Medina tem 21 anos (completados no dia 22 de dezembro, dois dias depois de ter conquistado o título), 12 deles sobre pranchas. Seu mestre é o padrasto, Char- les Rodrigues, que puxou o pé do menino na hora em que foi preciso separar diversão de profissionalismo. Gabriel aprendeu e soube combinar técnica e talento. A sua pri- meira prancha, usada para surfar na praia de Maresias, era uma 5’4”, pequena, de uso amador. “Eu nem diria que é bodyboarding, porque os surfistas não gostam de colocar no currículo que já surfaram com essas pranchinhas. Mas todo mundo que começa a surfar usa esse tipo de equipamento. Ele, com 12 anos, não foi diferente”, conta José Roberto Annibal, repórter da Revista Surfar, especializada no esporte.

Sobre Charles Rodrigues, Gabriel falou: “Eu me sinto confortável e confiante ao lado dele. Acho que se minha mãe não o tivesse conhecido, eu não estaria aqui. Ele me deu a primeira prancha e me acompanha em todos os campeonatos.” É claro que o mestre também come- morou a vitória e valorizou a personalidade do enteado, atribuindo a ele todos os méritos. “Ele é um bom filho e um bom amigo. Ele me adotou, e eu o adotei. Esse foi meu maior presente. Por coincidência, no esporte, a gen- te foi se unindo cada vez mais”, comemora.

Foto: Kirstin Scholtz
Foto: Kirstin Scholtz

A parceria entre os dois rendeu mais glórias do que o campeonato mundial. Gabriel se profissionalizou em 2009, aos 15 anos, e dois anos depois ganhou a oportunidade de competir no circuito mundial – o mais jovem brasileiro a ingressar no importante circuito da Associa- ção de Surf Profissional (ASP). Ou seja, aos 17 anos ele já se destacava entre os 36 melhores surfistas do mundo. Em Pipeline, onde conquistou o título, Gabriel ostenta um de seus maiores estoques de pranchas: 20. No campeonato, usou seis delas para disputar as baterias que lhe deram a premiação.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Com a palavra, a prancha!

A primeira prancha foi um presente de Charles Rodrigues, padrasto e treinador de Gabriel. Era amadora, mas foi com ela que o campeão fez os primeiros movimentos sobre as ondas. Ela conta como tudo aconteceu.

Brasileiros – Como vocês se conheceram?

Prancha – Faz muito tempo, hein, brô! Fui um presente do Charles, quando ele era só um moleque. A parceria já rendeu muita coisa boa, tá ligado?

Brasileiros  – Você é importante para Gabriel?

Prancha – Pô, o talento dele é o fator mais importante, meu chapa. Mas ele precisa de mim para complementar esse talento.

Brasileiros  – Qual foi a onda mais difícil?

Prancha – Aê, vou falar que as ondas de Teahupoo, na costa sudoeste da ilha do Taiti, na Polinésia Francesa, são sinistras. Elas são grandes e poderosas. Gabriel é de São Sebastião, o que é um bom campo de treinamento para ondas tubulares. Mas é claro que não há nada a ser omparado com as condições durante as finais no Taiti. Dificuldade mesmo nunca tive, tá ligado? A não ser quando pegamos uma marolinha em Itanhaém, no litoral de São Paulo, onde não conseguimos fazer praticamente nada. Ficar sem surfar é mó desespero, brô.

Brasileiros   Como você se sente com o título mundial de Gabriel?

Prancha – Estou nessa jogada também. Gabriel é um cara tranks, sabe manter o foco. Foi difícil chegar até aqui e vamos buscar mais títulos nas próximas temporadas.

Brasileiros  – O que significa o título para Gabriel e o Brasil?

Prancha – Acredito que será uma coisa maravilhosa. A conquista será muito boa para o Brasil e para o esporte, pois o País nunca teve um campeão mundial. É oportunidade única. Agora, pra mim, vai ser muito maneiro porque sou a primeira. Ninguém vai me tirar esse lugar, tá ligado?

Brasileiros  – E o leilão de uma das pranchas do surfista?

Prancha – É uma que foi usada durante o campeonato. Isso é muito maneiro, brô. Com apoio da Mitsubishi, a iniciativa vai incentivar o trabalho social de uma ONG mô legal, a Educarsurf, que ensina o esporte a jovens em situação de vulnerabilidade social, além de dar lições de preservação ambiental. Superimportante isso tudo.

Brasileiros  – Como se sente levando Gabriel sempre nas costas?

Prancha – Na boa, ele é levinho. Mas bem que eu podia levar a Maya Gabeira (surfista profissional), aí, sim, né, mano!

 

 

 

 


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