Mudanças e novos desafios

“O fomento à inovação, pesquisa e desenvolvimento no Brasil” foi o assunto do primeiro painel do dia de debates e palestras do Seminários Brasileiros, que nesta edição tem como tema “Inovação – O Brasil na rota do desenvolvimento científico e tecnológico”. Dois pontos ficaram claros na fala dos quatro palestrantes: de um lado o Brasil passou por uma profunda mudança no cenário de ciência e tecnologia na última década; por outro ainda temos grandes desafios, o principal é uma maior aproximação entre pesquisadores e o ambiente empresarial.
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“Acabo de voltar de um grande congresso nos países nórdicos e posso dizer que o modo como o Brasil é recebido em debates internacionais é muito especial”, disse o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Glauco Arbix. O momento brasileiro, como testemunha Arbix, é de muita empolgação, no entanto, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação “está ajustando o foco”, com o intuito de consolidar a tecnologia como um dos motores do crescimento nacional. Segundo o presidente da FINEP, as empresas brasileiras investem muito pouco em inovação e essa cultura deve mudar. “A inovação deve ser uma alavanca e não uma consequência da expansão econômica”, explicou. A FINEP tem a intenção de fundar essa cultura no País, “nosso foco é em inovação pesada, em projetos grandes e ambiciosos”. Este movimento, segundo Arbix, já começou. “Historicamente as empresas abandonavam a inovação em momento de dificuldade, hoje em dia isso está começando a mudar”.

Glaucius Oliva, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), seguiu a mesma linha de pensamento de Arbix: os avanços brasileiros são inegáveis, o momento é único, mas ainda temos muitos desafios. “Na época da criação do CNPq, 60 anos atrás, considerava-se que investimento em tecnologia era uma coisa desnecessária para o Brasil, foi o esforço de guerra que mostrou a necessidade desse investimento”, começou Glaucius. As últimas décadas, segundo o presidente do CNPq, foram únicas para o Brasil. “Em 1993, existiam 4 mil grupos de pesquisas, hoje em dia são mais de 27 mil. Temos 130 mil cientistas e 80 mil doutores”. O desafio agora, acredita Oliva, é aproximar esse contingente de pesquisadores das grandes empresas. Para o presidente do CNPq, isso é possível e já foi feito no Brasil, um exemplo é a EMBRAPA, que, ao se aproximar das melhores escolas de agronomia, transformou o Brasil em um líder de pesquisa e produção nessa área. “Nós devemos incorporar os doutores ao ambiente empresarial”, resumiu.

Diretor-presidente do Instituto Tecnológico Vale, Luiz Eugênio Araújo de Mello, concentrou sua fala nas ações que a Vale vem desenvolvendo na área de inovação. “A criação do Instituto Tecnológico da Vale começou com duas unidades e tem como ênfase pesquisas de longo prazo desenvolvidas em parceria com a comunidade científica nacional e internacional”, disse Mello. A iniciativa, segundo ele, é única, audaciosa e sem precedente em outras indústrias de mineração. O economista e ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Luiz Gonzaga Belluzzo, fechou o primeiro painel do dia dizendo que é fundamental a continuidade dos programas de tecnologia. “A interrupção destes programas é fatal para o pesquisador”, opina Belluzo. O economista resumiu as preocupações e próximos passos que o Brasil deve ter como norte: “Trabalho de longo prazo, continuidade e escolha de setores em que o País pode tomar a dianteira”, estes, segundo Belluzzo, são os principais pontos para se avançar no campo da inovação.


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