Faz falta uma boa notícia, mesmo que se tenha que garimpar muito para achá-la. Principalmente em um momento em que os nervos do Brasil estão à flor da pele. Todo mundo discute tudo. Todos discordam de quase todos.
A internet então, seja o Facebook, seja o Twitter, é uma espécie do que era aquela esquina do Hyde Park, em Londres, onde quem quisesse subia num caixote e deitava falação. Só que, diferentemente do que hoje é a rede social, era só uma esquina e só um caixote.
E hoje o tema é um só. Não só nas primeiras páginas dos jornais e nas capas das revistas semanais. Nas mídias sociais é que se travam as batalhas mais renhidas desta guerra entre quem gosta do Lula e quem o odeia, quem gosta do governo Dilma e quem o odeia, quem é a favor de seu impeachment e quem é contra. Quem é tucano e quem é petista. Quem é petista e quem não é. Quem é de direita e quem é de esquerda.
Mas se há algo que não está sendo devidamente observado é a falta do equilíbrio fundamental entre os três poderes da República.
Isso porque dois deles pouco fazem. Com um Legislativo paralisado pelas acusações a seus líderes e o Executivo andando de lado com as ameaças de impedimento da presidenta da República, o que se vê é o crescimento excessivo do poder Judiciário.
E isso é perigoso. Dá espaço para fundamentalismos e estranhas seletividades que não cabem em um Judiciário regido pela necessária serenidade.
Vamos aqui poupar o leitor dos pedalinhos dos netos do Lula, do dinheiro que o FHC mandou para o filho da Mirian Dutra, da merenda do Alckmin, da lista de Furnas e o senador Aécio Neves, da dinheirama que foi tungada da Petrobras desde o governo FHC, do mensalão tucano, do projeto de lei do Serra para entregar a Petrobras facilitado pelo voto da neo-peemedebista Marta Suplicy e pela ausência em plenário de senadores petistas.
É importante dizer que Lula promoveu a ascensão social de milhões, mas o fez pela via do consumo e não pela da ética, como afirmou aqui na Brasileiros o ex-ministro Renato Janine Ribeiro. É importante o fato de que o PT não combateu a corrupção em seus próprios quadros. É importante também dizer que Dilma não faz um bom governo.
É tudo muito importante. Mas não menos grave é o desequilíbrio entre os poderes e o consequente desequilíbrio no exercício da Justiça.
Este texto foi produzido no dia 3 de março, quinta feira, para a edição impressa da revista. No dia seguinte, 4 de março, foi escrito o que se segue.
Veja a opinião da Brasileiros sobre a ação da PF contra Lula
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