Atualização – 23/07/2010, às 16h55 – Nossa manchete às 15h30 estampava “É Muricy! É Muricy! É Muricy!”, para anunciar o treinador como novo comandante da seleção brasileira. Agora, tudo mudou. Como havíamos escrito abaixo, para que Muricy Ramalho fosse anunciado oficialmente pela CBF, teria de esperar a liberação do Fluminense. Isso não aconteceu. [nggallery id=14229] Em entrevista coletiva agora à tarde, o presidente do tricolor carioca, Roberto Horcades, confirmou que Muricy fica nas Laranjeiras. “Estou orgulhoso de anunciar que Muricy fica no Fluminense e cumprirá o contrato. Pessoas do nível do Muricy são sempre necessárias no futebol mundial”, disse, em matéria do iG. (Leia aqui).O técnico tem contrato com o Fluminense até o fim de 2010. Celso Barros, presidente da patrocinadora do Flu, garantiu que Muricy vai cumprir o contrato e até estender o vínculo com o clube.”Já havíamos deixado apalavrado essa semana com seu representante, o Marcio Rivellino, a renovação do contrato dele até o fim de 2012. Como estava apalavrado conosco, e isso vale mais do que assinatura, então ele fica no Fluminense até 31 de dezembro de 2012″, afirmou.Por ora, Muricy fica no Fluminense. Mas, tudo pode mudar novamente.Matéria das 15h20 de 23/07/2010Nesta sexta-feira (23), Muricy Ramalho foi anunciado como o novo técnico da seleção brasileira. Ele aceitou o convite, depois de encontro com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, na manhã de hoje, no Rio de Janeiro.Agora, só falta a liberação do Fluminense, clube do treinador, para a oficialização do fato. No contrato com o tricolor carioca, há uma cláusula que permite rescisão em caso de convite para a seleção brasileira.Sem marketing, sem pompa, sem lobby, Muricy alcança a seleção depois de três títulos brasileiros pelo São Paulo (2006, 2007 e 2008), o primeiro tricampeonato da história do clube e fato inédito na história do futebol nacional.Aos 54 anos e mais de 16 como técnico, ele chega ao cargo mais alto do futebol brasileiro com muito merecimento. É a vitória do trabalho. A vitória da honestidade. Acima de tudo, a vitória da ética. De um homem que construiu sua história com seu suor, sem pisar nos outros.Podemos perceber o lado humano, aberto e engraçado de Muricy Ramalho na edição 19 da Brasileiros. Quando ainda dirigia o São Paulo, o técnico foi entrevistado por Hélio Campos Mello, Ricardo Kotscho e por mim, Fernando Figueiredo Mello, e fotografado por Luiza Sigulem, no CCT da Barra Funda. Ele foi a capa da edição de fevereiro de 2009.

Em uma das respostas, Muricy se lembrou de como a contusão no joelho o prejudicou no caminho para a seleção brasileira, quando ele ainda era jogador. Bom, agora ele é da seleção. O comandante do time!Releia e ouça alguns trechos abaixo. A íntegra, com mais áudios e dois vídeos, está aqui.Brasileiros: Logo no início da tua carreira no São Paulo teu nome chegou a ser cogitado para a seleção brasileira, mas você nunca chegou lá. O que aconteceu?M.R.: Eu era muito cotado para a Copa de 78, que foi a melhor fase da minha carreira. Na meia-direita, o Zico era o fera, ele era o melhor, vencia disparado. Aí tinha uma briga para ser reserva do Zico, entre eu e o Jorge Mendonça. Eu estava numa fase um pouquinho melhor do que o Jorge, com certeza eu iria para a seleção. Mas aí eu tive uma contusão grave que quase me tirou do futebol. Em 1977, eu rompi o cruzado (ligamentos do joelho) e o Jorge foi convocado no meu lugar. Foi uma infelicidade muito grande que eu tive. Foi a pior fase da minha carreira. Fiquei mais de um ano parado, vocês sabem por quê? Porque não tinha operação do cruzado. Nenhum médico operava cruzado… Eu era um cara de nome, então os médicos tinham medo de me operar e ir mal, eu não voltar a jogar. Então ninguém quis me operar. Chegaram a pensar em me levar para os Estados Unidos para tentar alguma coisa lá. Aí apareceu um maluco aí, um médico brasileiro chamado Bartolomeu Bartolomei. Era um cientista, um estudioso que morava nos hospitais, fazia experimentos e não-sei-o-quê. E o cara falou : “Eu opero ele sim. Traz ele aqui para mim que eu opero ele, não tem problema não. E ele vai ficar bom”. Só quando nós chegamos lá, ele explicou como é que ia ser a operação.Brasileiros: O Albert Einstein, esse que dá o nome ao hospital lá do lado do Morumbi, que foi um grande cientista alemão, uma vez falou que o único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário…M.R.: É verdade… Não existe nada sem o trabalho. Acontece que, principalmente no futebol aqui no Brasil, as pessoas têm um pouco de vergonha de elogiar um bom trabalho. Não só no futebol, em qualquer lugar, o brasileiro tem vergonha de elogiar o cara. Você escreve para cacete, é demais no que faz, mas o cara tem vergonha de falar isso. Então, em vez deles falarem isso para você, falam que a sua revista é muito boa, a sua revista vende muito, não é porque você é bom escritor, é porque a revista é boa. Ou o time é bom, ou a esteira é boa, ou o campo é bom, ou a raquete é boa. No Brasil nós temos um pouco essa dificuldade de elogiar o cara, o trabalho dele. O meu nome ficou mais forte aqui no São Paulo justamente por causa disso. Quando o clube vendeu muitos jogadores, e não repôs, eu tive que me virar, eu não tinha muita opção e o trabalho foi reconhecido. Eu sou muito franco com os jogadores, mas não entrego ninguém para a imprensa nem para a diretoria. É o contrário: se alguém falar que tem que mandar o Hugo embora, não vai mandar porque eu vou recuperar o cara. Não entrego ninguém para agradar o presidente. Não vou tomar uma atitude para agradar a ele. Se eu fizer isso não vai ser bom para o clube porque no futebol o que as pessoas mais usam é a paixão, a emoção. No futebol o amor e o ódio estão por um fio. De manhã os caras amam o jogador, à tarde odeiam o cara. É por causa do emocional, só que eu não posso entrar nessa.Brasileiros: Qual é o seu pior defeito e sua melhor qualidade?M.R.: O pior defeito é esta relação com a imprensa. Eu tenho que melhorar meu trabalho com a imprensa. Esse é o pior defeito. Eu não faço por mal, mas é uma coisa que eu tenho que melhorar. A melhor qualidade é ser correto com as pessoas. E eu acho que a melhor qualidade é ser correto com as pessoas.

KOTSCHO – Com 4 anos de atraso, Teixeira chama Muricy


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