Museu do Amanhã usa tecnologia para indagar: o que será do mundo em 50 anos?

Há no Museu do Amanhã, obra faraônica que se levanta em meio à zona portuária do Rio de Janeiro, uma indagação pertinente, ou melhor, impertinente: o que será do mundo nos próximos 50 anos e qual o impacto que teremos nele?

O museu tenta prever respostas, porém sua missão é fazer com que o visitante seja transformado pelas perguntas. “A ideia é que ninguém saia daqui indiferente”, diz Luiz Alberto Oliveira, físico, Doutor em Cosmologia e curador da instituição.

Na manhã da quarta-feira (16), Oliveira serviu como guia para jornalistas do museu, que será oficialmente aberto ao público neste sábado (19). Se há uma legenda mais simplória para o local é que se trata de um novo museu na categoria “museus de ciência” e enquanto tal se propõe a explicar e contextualizar nossa existência e, claro, suas consequências no planeta.

Pela via da imersão, o museu se propõe a ativar a reflexão do espectador. “Não somos um museu contemplativo, de acervo. Somos um museu experencial”, defende Oliveira. À disposição dos visitantes, instalações audiovisuais e jogos interativos. 

De onde e para onde vamos?

A exposição principal elabora uma espécie de percurso narrativo para responder a cinco questões:  De Onde Viemos? Quem Somos? Onde Estamos? Para Onde Vamos? Como Queremos Ir? 

As possíveis respostas são alimentadas por dados fornecidos por instituições do mundo todo, até então 80 delas, incluindo aí Nasa, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o MIT. 

Segundo a organização, 31 cientistas e pesquisadores participaram dos debates para a elaboração do conteúdo do museu ou inspiraram a concepção da narrativa. 

Um dos grandes destaques é o grande domo de 360 graus, que, ao simular uma espécie de portal cósmico, mergulha o visitante em diferentes mundos, desde o subatômico das partículas elementares, do oceano, do sol e dos nossos neurônios. O filme de oito minutos foi produzido pela O2 Filmes, de Fernando Meirelles. 

O visitante ainda passará pela instalação Antropoceno, onde seis grandes totens espelham imagens da aceleração da atividade humana na Terra. O acidente que rompeu duas barragens em Mariana (MG) é um dos exemplos mostrado. 

Por fim, no Amanhãs e Nós, o museu coloca o visitante em cheque: afinal, como ele contribuirá para o mundo que viveremos nas próximas cinco décadas? Temas como mudanças climáticas, crescimento da população, longevidade e avanço da tecnologia são apontados.

Outra preocupação do museu é o seu Laboratório de Atividades do Amanhã, espaço que terá oficinas sobre robótica, Internet das Coisas, biotecnologia e impressão 3D, além de promoção de desafios, chamadas criativas para startups e maratonas de programação. Para Oliveira, é uma forma de integrar o público e empreendedores a também contribuírem com inovações que possam se inspirar nos temas propostos pelo museu. 

Concreto e sustentável

Difícil passar indiferente pela Praça Mauá e não contemplar a obra arquitetônica de 15 mil metros quadrados que compõem o museu, vizinho ao Museu de Arte do Rio (MAR). 

Desenhada pelo espanhol Santiago Calatrava, a instalação à beira-mar se assemelha a um navio flutuante de concreto. Para suportá-lo, foram instalados 30 mil metros de pilares submersos. A execução do projeto ficou a cargo do escritório carioca Ruy Rezende Arquitetura.

O edifício também integra uma série de tecnologias verdes. Painéis solares foram instalados no teto, onde placas flexíveis se movem como asas para acompanhar a movimentação do sol.

Outro recurso sustentável é o uso da água da Baía de Guanabara para abastecer os espelhos d’água e o sistema de climatização do museu. A água ainda passa por um sistema de filtragem e só então é devolvida ao mar. 

“Não poderíamos ter um museu que trata do amanhã, sabendo que nosso mundo em 50 anos está perto do colapso e isso não ser uma obra sustentável”, destaca o arquiteto Ruy Rezende.

Iniciativa da Prefeitura do Rio, o Museu do Amanhã conta com a parceria da Fundação Roberto Marinho e tem como principal patrocinador o banco Santander. Segundo Alberto Gomes, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), a obra custou R$ 215 milhões e levou três anos para ser construída. Quando indagado sobre o atraso no entrega do Museu, que teria levado cinco anos, Gomes defende que as obras iniciaram em 2012.

“Pretendíamos entregá-lo em março deste ano. Infelizmente não foi possível, está sendo agora em novembro, com o padrão de qualidade que a cidade merece. O atraso decorre por conta da complexidade que é essa obra, por conta da sua localização que exigiu um esforço de logística muito grande, e do ponto de vista do seu conteúdo, não tem nada tão sofisticado como isso”. Segundo ele, a postergação não teve impacto nos custos do orçamento inicial. 

O Museu do Amanhã abre para visitação a partir desse sábado (19), com entrada gratuita. Nos demais dias, ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia).

*A jornalista viajou a convite do Banco Santander


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