A alegria do ritmo caribenho nas ruas de Cartagena

Em apenas seis horas de voo, eu já estava na Colômbia. Bogotá foi a cidade escolhida para acolher um grande evento beneficente com cinco chefs japoneses e um sommelier. Conhecido por promover vários acontecimentos internacionais, o Bogotá Wine & Food Festival, organizado por Gaeleen Quinn e Iris Quinn, doou a renda do evento para a www.fundacionprema.org.

A quase 3 mil metros acima do nível do mar, correndo de um lado a outro da cozinha, comecei a sentir a influência da altitude. Fui incumbido de fazer dois pratos da sequência do menu Kaiseki: tsukuri e yakimono. O primeiro foi com fatias de buri e robalo, ambos do Oceano Pacífico, com caviar e ikura, aquelas deliciosas ovas de salmão naturalmente salgadas, dando as mãos a vieiras seladas apenas de um lado. O outro prato foi um dueto de wagyu, o kobe beef macio e hipnótico como areia movediça, marinado por quatro horas no missô com o melhor da horta colombiana.

Fiquei maravilhado com o progresso de Bogotá. Com a gastronomia, com a segurança pública. A variedade dos ritmos nas ruas estreitas, que parecem vir de Cartagena, com toda sua história da época da escravidão. De fato, conheci Cartagena mais profundamente que Bogotá. Embora Cartagena fique a apenas uma hora da capital, pulamos de 15 ºC para 35 ºC. Do céu para o inferno! Mas só na temperatura…

Visitamos a casa de Andrea Villegas. Dentro do forte, que tem o registro da escravidão por todos os lados – 1868 identificando o doce lar. Amplo, quase sem paredes, aberturas laterais estendendo-se para a mata selvagem. Livros de arte, esculturas, pinturas… Era o ar que eu respirava… Diferentemente da brisa morna lá de fora. Hora de abrir o bar: aguardente local e cerveja Club

Colombia. Meu estômago pedia algo tradicional: empanadas, ceviche, variedades de batatas e milhos. Muito sabor em tudo! Venga!

Terminou o aperitivo. Porto de Cartagena. Lancha turbo para uma ilha perdida no mar do Caribe. Água cristalina como os olhos das organizadoras. Atracamos e experimentamos os peixes locais, que nos ofertaram com as suas cores e os seus sabores! Vinho branco – e começa a orgia dos sentidos. Sabores da estação na mesa, com o pé na areia, sombra e água doce no copo. O final da marola ainda batia no peito do meu pé, massageando e me dando paz…

Felizes, voltamos para engatar mais uma: Havana Club. Caribbean Live Music! Chévere! Só se falava da segurança do Obama aqui em Cartagena. Na minha opinião, tudo bem. Clube agitado, tipo inferninho moderno. Quer brincar? Quem estiver a fim, pode brincar, mas tem de pagar… Afinal de contas, elas vivem disso!

*Kappo Cuisine é o conceito que Tsuyoshi Murakami trouxe ao Brasil e tem como base a transparência, o cozinhar em frente ao cliente e o uso de alimentos sazonais. Murakami é sócio e chef do restaurante Kinoshita, em São Paulo. murakami@restaurantekinoshita.com.br


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