Na crista da onda

Que brasileiro está cansado de correr atrás de bola, isso todo mundo já sabe. Agora, pense em outro esporte, talvez tão praticado no País quanto o futebol. Sol, praia, mar… Adivinhou? Isso mesmo, estamos falando sobre o surfe, que de tempos para cá invadiu de vez o vasto litoral tupiniquim, que conta com os mais variados estilos de onda.

O brasileiro ama o surfe. Para praticá-lo, não é preciso um investimento grande, apenas uma prancha e muita vontade. E o melhor de tudo: sua arena é a praia! Mesmo com os milhares de prós, o País nunca viu um surfista nacional no topo da elite, na liderança do WT (World Tour ou Circuito Mundial), isso até o último final de semana, quando Adriano de Souza, o Mineirinho, sagrou-se campeão da etapa brasileira, a 3ª do ano. Atrás dele nomes como Joel Parkinson, australiano três vezes vice-campeão mundial e, na 3ª posição do ranking, ninguém menos que o americano Kelly Slater, um cara que faz com a prancha o que Pelé fez com a bola ou Ayrton Senna com um carro de Fórmula 1. No currículo, 10 títulos mundiais.

O apelido não tem a ver com a procedência, afinal, quem já viu praia em Minas Gerais? Adriano de Souza é paulista, cresceu no Guarujá, ou melhor, nas praias do Guarujá. O “Mineirinho” apareceu por conta de sua personalidade tranquila, porém, esforçada. Ele come quieto, e esse ano quer abocanhar o tão sonhado título mundial.

Precoce, foi campeão mundial juvenil aos 16 anos, até hoje o mais novo a vencer esse circuito. Aos 18, veio o título do WQS (World Qualifying Series), espécie de divisão de acesso do surfe mundial. Hoje, Mineirinho não é mais azarão, frequenta regularmente as fases finais de etapas pelo mundo inteiro e é respeitado por todos que andam o circuito. Até Kelly Slater, em 2009, quando Souza começou a se destacar, chegou a dizer que via um pouco de si próprio no jovem e agressivo surfista. Em 2010, na etapa de Porto Rico, Mineirinho e Slater se desentenderam durante uma bateria, na qual o brasileiro foi culpado de “roubar” uma onda do americano e na sequência abriu espaço quando tinha preferência e cedeu uma onda perfeita, responsável por assegurar o 10º título mundial de seu adversário. Na areia, Slater disse que a disputa com Mineirinho o fez lembrar de Andy Irons, que havia morrido meses antes daquela etapa em circunstâncias até hoje mal explicadas. Irons foi o único a ousar desafiar o reinado do rei do surfe, conquistando três títulos mundiais entre 2002 e 2004, feito inédito para algum surfista contemporâneo a Kelly Slater. Se segura, Mineirinho é “trem bão sô”!


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