Não há vagas

Retrospectiva 2009 – o lado B da notícia

Para terminar a retrospectiva do lado B de 2009, um texto sobre os reflexos da crise nos Estados Unidos. Reportagem do jornal Wall Street Journal mostra a saída de imigrantes do país, por causa da falta de oportunidades.

A alemã Regina McAnally chegou aos Estados Unidos em 1985. Em 2007, vinte e dois anos depois, McAnally retornou à Alemanha, com o filho Josh, de 15 anos. O motivo: falta de oportunidades na América. Natural de Frankfurt, ela agora trabalha como analista de finanças em Colônia. “Desde que voltei para o país, recebo ligações de headhunters tentando me contratar”, diz ela. A mudança de volta ao país natal foi bancada pela empresa na Alemanha.

Essas e outras histórias são relatadas em reportagem assinada por Dana Mattioli, no Wall Street Journal de quinta-feira (17) – em inglês, aqui. A matéria mostra como os Estados Unidos estão deixando de ser a terra das oportunidades para os estrangeiros. Depois da crise mundial do final de 2008, o país sofre com uma taxa de desemprego que chega aos 10%. Para se ter uma ideia, o Brasil tem taxa de desocupação na faixa dos 7,5%, segundo dados de novembro deste ano. A Alemanha, país de McAnally, tem números semelhantes, com 7,6% da população ativa sem emprego.

Vivek Wadhwa, pesquisador da faculdade de direito de Harvard, que estudou as tendências do mercado de trabalho nos EUA, diz que a falta de oportunidades no país é o principal motivo pelo retorno dos estrangeiros aos países de origem. Além disso, continua a matéria do WSJ, o congelamento dos salários e das promoções, espantam os imigrantes dos Estados Unidos.

O pesquisador também explica o problema do visto de trabalho. Segundo ele, os estrangeiros com visto do tipo H-1B (para trabalhos mais intelectuais) não têm conseguido vagas em áreas que precisem de mão de obra mais qualificada. Assim, há dois destinos para esses imigrantes: trabalho mais manual e braçal, pois sem emprego há a mudança do status do visto, com prazo de validade de apenas seis meses no país, ou o retorno para a terra natal. Parece que a segunda opção tem sido escolhida pela grande maioria.

A reportagem do WSJ ainda fala sobre como o crescimento econômico da Índia e da China, por exemplo, tem atraído a volta dos nativos às nações. “Quando as pessoas vieram para os EUA, uma década atrás, da Índia e da China, eles deixaram países que nem de perto tinham as oportunidades que existem hoje lá”, diz Wadhwa, que espera mais de 100 mil indianos retornando à Índia nos próximos cinco anos.

Um retrato dos novos tempos dos Estados Unidos e do mundo. Uma nova ordem mundial.


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