Meus caros, enquanto nós nos digladiamos com a Sufragista Celestial Rosângela Justino, a psicóloga que luta contra os gays declarando-os doentes, e que agora pede a instauração de CPIs para a apuração de nosso pecados, a Igreja Luterana sueca acaba de ordenar sua primeira bispa (!) abertamente lésbica, Eva Brunne. Brunne vive com outra mulher em união civil legal, e poderiam até mesmo se casar, pois a Suécia permite o casamento gay. Querem melhor? Estava na Revista Piauí da semana passada. Em Nova York, a rabina Sharon Kleinbaum, chefe da Congregação Beth Simchat Torah, abertamente lésbica, vive um casamento de fato com outra rabina, e criam as duas filhas do primeiro casamento de sua companheira. Mulher, rabina, lésbica, casada, líder da comunidade gay judaica local – perderam o fôlego? Eu perdi. Eu já conhecia Sharon Kleinbaum de nome, mas pensava que ela era apenas líder gay. Ela é líder sim, a Revista Newsweek a reconhece como uma das mais influentes rabinas dos Estados Unidos, e declara publicamente que o Velho Testamento deve ser interpretado – não seguido ao pé da letra. A religião judaica permite a ordenação de mulheres rabinas, e 61% da população de Israel apoia o casamento gay.
O Brasil perdeu o bonde em algum momento. Enquanto o mundo ocidental discute o casamento gay, nosso tema legislativo ainda é a homofobia! Curiosamente, hoje chega ao Brasil o presidente israelense, Shimon Peres, em visita oficial, e em duas semanas chegará também seu arquiinimigo, o presidente do Irã, Ahmadinejad, que prega a destruição total de Israel, e também dos gays. No Irã, a homossexualidade é ilegal, gays são presos e condenados à morte, o que não é imoral para minha comentarista Rosemeire. Em termos legislativos, Irã e Brasil se tornaram semelhantes, pois o Irã pratica a homofobia, e o Brasil nos nega proteção contra ela.
Nossos vizinhos argentinos estão nos dando um banho. Lá a discussão está avançada nas comissões do Senado, e o tema em pauta é o casamento gay. Sábado (7), mais de 50 mil argentinos participaram da parada gay deles, muito menor do que a nossa, mas de agenda infinitamente mais avançada, e contava com a participação de parlamentares europeus. Não rias de nós, Argentina!
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