Bem na semana em que estreou este blog, chega às minhas mãos a última edição da revista “Imprensa” anunciando em letras garrafais na capa;
“Blogueiro não é jornalista”
Assim mesmo, sem tirar nem por, depois de 44 anos ganhando a vida como jornalista, fico sabendo que não sou mais jornalista.
Deu vontade de ligar para o velho amigo Silval de Itacarambi Leão, diretor da revista, com esse seu nome pomposo de senador da República Velha, e lhe perguntar:
“O senhor poderia por favor me explicar: se blogueiro não é jornalista, então o que é que eu sou agora?”
Na capa, duas chamadas;
“Polêmica questiona o valor do conteúdo digital fora das redações”
“Blogs se defendem e levantam a bandeira da livre opinião como principal qualidade”.
Calma lá, meu caro Silval. Como você sabe, toda generalização é perigosa. Por que questionar o conteúdo digital fora das redações? Quer dizer que só quem trabalha numa redação tem esse direito?
Quanto à segunda afirmação, também não podemos confundir “a bandeira da livre opinião” com a prática generalizada de agressões, ofensas, exibições explícitas de preconceitos ou campanhas para a destruição das reputações de pessoas, empresas, partidos, igrejas, líderes políticos, etc.
Nem o fato do conteúdo digital ser gerado numa redação garante sua credibilidade, pois ali se escrevem também muitas bobagens, nem a livre opinião pode servir de álibi para práticas digitais criminosas.
Não importa onde o cara escreve _ se na redação, em casa, ou na praia _, mas o que ele escreve.
Por isso, urge estabelecer regras civilizatórias para que todos os blogueiros e comentaristas de blogs, profissionais ou amadores, sejam responsáveis por aquilo que é jogado no ar.
Blogueiro pode ser jornalista ou não _ só não pode ser irresponsável, muito menos inimputável.
Por que jornalista fora de redação não pode ser blogueiro, bem agora que ganhei meu espaço nesta grande rede internética, senhor Silval de Itacarambi Leão?
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