Dez anos depois da morte brutal do homossexual Edson Néris, o Brasil pode mostrar alguns avanços no combate à homofobia, embora ainda haja muito caminho a percorrer. Em 6 de fevereiro de 2000, Néris foi brutalmente assassinado por um grupo de skinheads, em São Paulo. Ele era homossexual, e passeava de mãos dadas com seu namorado pela Praça da República, quando foi surpreendido por um grupo denominado Carecas do ABC, que o agrediram covarde e violentamente com golpes de soco inglês e chutes de coturnos. Dario, o namorado, conseguiu correr, mas Néris foi surrado com tal brutalidade que acabou morrendo. Não foi o primeiro crime homofóbico no país, foi mais um dentre muitos, mas chamou a atenção da sociedade, a militância gay se mobilizou, conquistou espaço na mídia, e forçou a polícia e o judiciário a cumprirem seu papel. Cerca de 21 elementos do grupo homofóbico foram levados a julgamento, mas, como nem todos participaram diretamente da agressão, apenas alguns foram realmente condenados.
Hoje, passados 10 anos, muitas coisas mudaram. A comunidade homossexual ganhou visibilidade e espaço, e milhões frequentam a parada gay, no mês de junho, provando que a diversidade sexual já não assusta tanto. Os primeiros passos na elaboração de leis e organismos de defesa de direitos dos gays estão sendo dados, com lentidão desesperadora, mas vão indo. Crimes como o assassinato de Néris marcam a história de um país, tornam-se simbólicos, como o foi o linchamento de Mattew Shepard nos Estados Unidos. Acho que nosso legislativo só vai se mover quando centenas de juízes, Brasil afora, estiverem sentenciando em favor dos direitos dos homossexuais. Vamos pagar para ver.
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