Meus caros, os golfinhos da costa brasileira que se cuidem, pois sai hoje, do porto de Santos, mais um cruzeiro gay. O Freedom on Board é um cruzeiro só para gays, cabem mais de dois mil passageiros, e parece que partiu lotado, imaginem vocês a farra. Eu nunca fiz um cruzeiro desses, mas já ouvi falar maravilhas, muitos amigos estão embarcando, já fizeram a viagem antes, e não queriam perder de jeito nenhum. O navio oferece várias atrações, piscina, cinema, boates, e tudo o mais. É um parque de diversões que navega. Não que alguém queira chegar a algum lugar, até param em Búzios (pobre cidadezinha), a diversão é toda dentro do navio. Imaginem mais de duas mil pessoas, em um único espaço, conquanto muito bem dividido, com uma única intenção: se divertir, ter prazer, se jogar. Sim, haverá sexo, drogas, e rock’n’roll, ninguém é de ninguém, namorados e maridos ciumentos que tranquem a porta das cabines. Morro de inveja de quem conseguiu embarcar, eu, solteiro chorão, deveria é ter me preparado para me juntar a essa nau de insensatos, mas agora é tarde.
Acho fantástico que isso exista, um cruzeiro só para homossexuais. A velha história do turismo gay, de como nós gastamos mais do que os héteros na nossa desenfreada busca de prazeres, mas nada como uma boa culpa católica para aumentar nossos delírios. Sei de muitos que gastam até mais do que têm, mas não julgo ninguém. Há anos, cruzeiros assim só aconteciam no Caribe, coisa de gringos, e nós pagávamos uma fortuna por uma oportunidade para entrar na festa dos ricos. Hoje se paga em várias vezes, sem juros, os preços são bastante acessíveis, todos podem usufruir. Verdade seja dita, nós enriquecemos. Estamos no clube daqueles que têm dinheiro para poder gastar dessa maneira. Prazer nunca foi pecado, sejamos democraticamente felizes.
Tenho um grande amigo, meu velho e bom Luky, que está à bordo, solteiro, e promete voltar casado. Sei que isso acaba por alimentar aquela ilusão de que nós, gays, vivemos uma vida frívola, efêmera, depravada. Não é nada disso.Tanto o lindão do Luky, que trabalha de terno e gravata nesse verão senegalesco que vivemos, quanto eu mesmo, digitando essas mal traçadas linhas, suamos muito para ganhar nosso dinheirinho. Pagamos impostos como todo mundo, não estamos atrás de 15 minutos de fama, mas sim de alguns dias dedicados aos prazeres da carne. Netuno que se cuide! Abraços do Cavalcanti.
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