O nível dos reservatórios do Sistema Cantareira caiu de 10,5% ontem (1º) para 10,4% hoje (2), patamar mais baixo da história, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Na mesma data do ano passado, o índice estava em 62,6%. Os reservatórios são responsáveis pelo abastecimento de cerca de 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, além de liberar água para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, no interior do estado.
Em resolução conjunta, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo reduziram, no dia 30 de abril, o limite de captação de água dos Sistema Cantareira. O volume máximo de retirada para abastecer a Grande São Paulo foi reduzido de 24,8 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 22,4 m³/s. Segundo os órgãos, o volume contempla a média de captação que está sendo feita na prática, já que, do dia 1º a 25 de abril, a média de retirada para abastecer a região metropolitana de São Paulo foi 21 m³/s (87% do autorizado). A vazão será reavaliada em 15 dias.
Segundo o Grupo Técnico de Assessoramento para Gestão do Cantareira, o volume útil do sistema deverá se esgotar no início de julho. A pior situação e do reservatório Jaguari-Jacareí, que atualmente está com apenas 3,7% da capacidade útil e deverá atingir o volume mínimo ainda durante o mês de maio. A partir do fim da reserva útil, passará a ser usado o chamado volume morto, ou reserva técnica – água que está abaixo do sistema de bombeamento atual.
O Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) enviou no dia 29 um documento com 39 reivindicações para os órgãos ligados à gestão de recursos hídricos do governo federal e dos governos de São Paulo e Minas Gerais. Um dos pontos principais do texto é a redução do consumo de água dos abastecidos pelo Cantareira.
A diminuição pode ocorrer a partir de campanhas, como a que está sendo feita pela Sabesp, que oferece descontos aos usuários que consumirem menos água. “A gente já está com pouca água reservada. Então, essa água tem que ser muito bem administrada”, enfatiza o coordenador de Projetos do consórcio, Guilherme Valarini. De acordo com ele, para garantir a segurança hídrica da região, o consumo de água teria de cair até 50% nos próximos meses.
A decretação de estado de calamidade pública nos municípios afetados é outra medida defendida pelo consórcio. “Porque a gente está com pouquíssima água reservada e há necessidade de virem mais recursos para auxiliar os municípios a enfrentar esse período de estiagem”, destacou Valarini.
Também são reivindicadas ações para melhorar o sistema de reservatórios a médio e longo prazos, como o desassoreamento dos corpos d’ água. Outras medidas nesse sentido são a criação de incentivos para aproveitamento da água da chuva, a redução das perdas no sistema de distribuição e a aceleração das obras de novos reservatórios.
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