Todos os anos gosto de fazer uma viagem longa, de preferência, internacional. Aos meus 59 anos, cheguei à conclusão de que o que mais gosto de fazer são grandes viagens de moto.

Meu irmão mais velho, Giovanni Torello, 61 anos, também gosta muito, mas é a primeira vez que viajamos juntos por mais de uma semana. Ele me acha muito irresponsável, pois gosto de acelerar um pouco, mas prometi que iria devagar. E lá fomos nós.
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Percorremos 4.456 km em dez dias, de São Paulo a Buenos Aires (ida e volta). Nossos pontos de parada foram as cidades de Laguna (SC), Pelotas (RS), Punta del Este (Uruguai), Buenos Aires (Argentina), Paso de los Libres (Argentina), Porto Iguaçu (Argentina) e Maringá (PR).

O Stefano Massari, 50 anos, é amigo de muitos anos, grande companheiro de golfe do meu irmão. Ele foi com uma Harley Davidson e destoou um pouco do nosso tipo de moto, todas BMW e equipadas para grandes viagens. Mas a moto dele me surpreendeu e foi muito bem, sem passar dos 130 km/h.

O quarto viajante foi Edson Reis, 47 anos, que conheci durante minha viagem para a África do Sul, na Copa do Mundo. Ninguém tinha muita intimidade com ele, mas foi um ótimo companheiro, divertido e sempre de bom humor.

O clima foi um grande aliado, só no segundo dia choveu durante cerca de duas horas. Os outros foram dias maravilhosos, com temperatura ideal para viagem de moto, entre 10 ºC e 22 ºC. A chegada a Punta del Este no final da tarde, no Uruguai, pela praia do José Inácio, foi o ponto alto da jornada, com um pôr-do-sol espetacular. No Uruguai e na Argentina, a fiscalização policial é intensa e a cada 30 km há algum comando. Fomos parados várias vezes, mas nada que um bom churrasco não resgatasse o bom humor. O primeiro dia foi o mais puxado: andamos mais de 850 km. Realmente é uma vergonha o trecho da estrada que vai de São Paulo a Curitiba. A Serra do Taboão é mão dupla e o trânsito de caminhões, imenso. O trecho de Curitiba a Porto Alegre também é bastante perigoso. Uma estrada cheia de desvios, sem sinalização. Viajávamos em média 600 km a 700 km por dia. As motos foram campeãs. Não tivemos nenhum problema. A gasolina na Argentina é muito melhor e bem mais barata que no Brasil. É possível sentir a diferença na performance da moto. Nunca comi tanta carne, não aguentava mais! O povo que gosta de carne fica muito feliz na Argentina, porque em todos os postos têm as famosas parrilladas, churrasco típico do país. Pelo caminho, passamos por lugares belíssimos, como as Cataratas do Iguaçu (PR). O passeio de bote que leva até debaixo das quedas d'água vale a pena, é bem emocionante. A Estação Ecológica do Taim, no extremo sul do País, é linda e rica, cheia de bichos. Pena que, em 200 km da estrada que vai de Pelotas ao Chuí, vimos mais de dez capivaras atropeladas, as autoridades deveriam tomar alguma providência. Em viagens como essa, o caminho tem tanta ou até mais importância que o destino. Estar na estrada, sobre a moto e com os amigos são fatores que fazem da jornada uma grande viagem.
Easy Rider: os herdeiros sem causa


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