Entre 12 e 21 de novembro Fortaleza trocou jegue por lhama e foi tomada de assalto por uma maré de latinidad. Em sua oitava versão, a Bienal Internacional do Livro do Ceará, cujo tema foi A Aventura Cultural da Mestiçagem, teve pela primeira vez um artista como curador-geral. Trata-se do poeta, ensaísta, editor, tradutor, artista plástico e cearense Floriano Martins, que homenageou um conterrâneo, o humorista Chico Anysio e, na qualidade de co-editor da revista Agulha, de poesia hispano e portuguesa, naturalmente “trouxe sua turma”, nas suas próprias palavras.
O colega poeta paulistano Cláudio Willer, com quem divide Agulha, é mais explícito. Segundo ele,em vez de de apostar em ‘nomões’, astros e filas de autógrafos, optou-se por uma programação em que artistas convidados e público convivessem, trocassem idéias, na qualidade de aparentados raciais. Mestiçagem. Assim, grande parte da programação ativa foi formada por leituras poéticas seguidas de debates com os autores, em sua maioria realizadas nas salas da Unifor, universidade particular da cidade situada ao lado do prédio da Bienal.
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Mas, paralelamente ao universo hispano-poético, o visitante defrontava-se com um mundo de opções, de palestras sobre roteiro com nomes como o dramaturgo Lauro César Muniz dividindo a mesa com o escritor Marçal Aquino, confecção de mamulengos, a mestiçagem no violão, palestras sobre os quadrinhos de Alan Moore e Osamu Tezuka, cantadores, violeiros e cordelistas desfiando seu trabalho, a escritora Ana Miranda falando de sua experiência como leitora, o jornalista Jacob Klintowitz falando sobre crítica e arte, livreiros fazendo negócios, stands distribuindo brindes, brincadeiras, jogos, computadores, o universo típico das bienais de literatura. O Teatro José Carlos Matos, situado no prédio da Bienal, foi palco de shows populares com entrada franca.
Diariamente as atrações atraíram uma juventude enfurecida sempre que os ingressos se esgotavam, do gaúcho Vitor Ramil à mineira Fernanda Takai, passando pelos grupos Teatro Mágico (SP), Cabezas de Cera (México) e Cordel do Fogo Encantado (PE), cujo líder, Lirinha, mostrou em separado sua peça Mercadorias e Futuro. Para completar, durante toda a Bienal o Espaço Cultural Unifor abrigou uma retrospectiva do pintor cearense Antônio Bandeira, celebrizado pela abstração lírica. Segundo Martins, por incrível que pareça, essa foi uma das únicas homenagens recebidas por Anysio e Bandeira, falecido em 1967, em seu próprio Estado. Tais atrativos contribuíram para que mais de 700 mil pessoas passassem pela Bienal, ou seja, um quinto da população de Fortaleza.
Aguarde mais sobre o evento na Brasileiros!
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