No rastro de Plutão

Plutão (Hades) é filho de Crono e Reia, irmão de Zeus (Júpiter) e Poseidon (Netuno). Quando foi feita a partilha do Universo, coube a ele o reino das profundezas. Plutão era temido e pouco venerado pelos antigos. Em seus altares, eram oferecidos ovelhas e touros negros em cerimônias sombrias como o próprio deus. Solitário e rejeitado pelas donzelas do Olimpo, Plutão decidiu raptar a bela Perséfone, filha de sua irmã Deméter, enquanto ela colhia flores no campo. Inconsolável, Deméter suplicou a Júpiter que a filha fosse devolvida, caso contrário nada mais faria brotar sobre a terra. Diante dessa ameaça, Júpiter conseguiu que Perséfone passasse seis meses no inferno e seis meses na terra, onde junto com a mãe faria crescer as plantas, enchendo as planícies de flores e frutos.

Plutão é o regente de Escorpião, leva 248 anos para percorrer o zodíaco inteiro e permanece de 12 a 32 anos em um signo. É pequeno e lento e, por isso mesmo, geracional. Foi descoberto teoricamente por Percival Lowell, em 1915, e de forma experimental por Clyde Tombaugh, em 1930. Rebaixado pela União Astronômica Internacional à categoria de planeta-anão, em 2006, Plutão é visto pela Astrologia como um gigante por sua força sobre o comportamento humano e movimentos coletivos.

Ele representa a energia criadora da natureza, o instinto de perpetuação das espécies, as forças maiores, a revolução interior, a regeneração, as forças ocultas que afetam sociedades inteiras. Plutão impele às transformações mais profundas, forçando o contato com os impulsos vitais, eliminando estruturas decadentes e dando lugar ao novo. Ele representa o inconsciente coletivo. Sua passagem por um signo traz profundas mudanças nos temas ligados a ele.

Quando foi descoberto, Plutão estava em Câncer e o mundo andava de pernas para o ar, atravessado pela crise financeira de 1929 e a ascensão do fascismo. Começavam, também, os primeiros estudos sobre a bomba atômica.

A época das migrações
O período de Plutão em Câncer (signo ligado à família e às tradições), de 1913 (anterior à Primeira Guerra) a 1939 (quando começa a Segunda Guerra), mexeu com as hierarquias, o amor à pátria e as tradições familiares. Milhares de homens morreram na Europa, elevando o número de mulheres independentes e preparando terreno para uma política de igualdade, com a emancipação feminina. Data dessa época a invenção da geladeira, facilitando a vida doméstica. Foi também um período de muitas migrações.

Obsessão pela eterna juventude
Plutão em Leão (autoexpressão e divertimentos), de 1939 a 1957, faz emergir as superpotências baseadas no poder destrutivo da bomba atômica, bem como a consciência de que o mundo pode ser destruído. O colonialismo perde espaço e muitos países reivindicam sua independência. Nessa época, acontece também a popularização da televisão, que causou uma profunda modificação no comportamento. A geração de Plutão em Leão é obcecada pela eterna juventude, divertimentos e necessita ser o centro das atenções. A cirurgia plástica e o rock and roll aparecem neste período.

Quando as indústrias decolam
Plutão em Virgem, de 1957 a 1971/72 (signo ligado ao trabalho, à natureza e à saúde), trouxe transformações para a medicina, a agricultura e a indústria. No decorrer desse período, aumenta a substituição de mão de obra por maquinário que provoca alto índice de desemprego. As indústrias decolam. Surge o computador. A pílula anticoncepcional permite à mulher maior controle sobre o corpo. A sexualidade se desvincula da procriação e o índice de natalidade começa a decrescer. O despertar da consciência ecológica, o movimento hippie e maio de 1968 (transformações políticas e comportamentais), em Paris, acontecem nessa época.

O auge da Guerra Fria
Plutão em Libra (casamentos e uniões), de 1971 a 1983/84, mexe profundamente com os relacionamentos humanos. O casamento deixou de ser uma instituição necessária entre casais e, assim, as uniões livres começam a vigorar com mais intensidade. Os homens renunciam aos tradicionais papéis masculinos e as mulheres demonstram que podem muito bem se virar sem o sexo oposto. A homossexualidade passa a ser mais aceita. É o auge da Guerra Fria.

Pela educação sexual
Depois de tanta experimentação sexual, Plutão em Escorpião, de 1983 a 1995, trouxe o espectro da AIDS: agora o ato mais natural pode resultar em morte. Isso provoca uma drástica mudança nos hábitos sexuais e emerge a necessidade de mais responsabilidade nas relações. Os governos começam a se preocupar com a educação sexual e amplia-se a denúncia sobre abusos sexuais.

Fundamentalismo
Plutão em Sagitário (signo ligado à Justiça, à religião e à fé), de 1995 a 2008, evoca o espectro do terror internacional e do fundamentalismo. Uma das raízes do terror é a injustiça entre os povos e a busca de fazer justiça com as próprias mãos. Houve uma percepção das qualidades e defeitos da globalização; a internet saiu dos laboratórios e das universidades para entrar na casa do cidadão comum. A popularização dos livros de autoajuda e as denúncias de pedofilia na Igreja são mais um resultado do trânsito de Plutão em Sagitário.

A vez de Obama
O trânsito de Plutão em Capricórnio (signo ligado a estruturas social e política – o Estado e a Terra propriamente dita), de 2008 a 2024, é bastante longo e é difícil saber como será no final desse período, mas algumas tendências já estão evidentes. Haverá uma transformação nas velhas estruturas da sociedade e de como vivemos no planeta. Plutão rege a população negra e a eleição de Obama como governante do país mais poderoso do planeta é, com certeza, uma grande manifestação de Plutão em Capricórnio.

Após a intensa troca comercial ocorrida com Plutão em Sagitário, com o crescimento econômico da Ásia, é bastante provável um deslocamento do eixo econômico do Leste para o Oeste. Capricórnio também representa as calotas polares e as superfícies continentais, em especial montanhas e cordilheiras. É de esperar que o completo degelo das calotas polares ocorra em velocidade considerável, até o ano de 2024, quando Plutão terá completado seu trânsito por Capricórnio. Presume-se que a água resultante do degelo se dirija para a linha do Equador, causando grandes inundações.


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