Como todo mundo podia prever, e até este Balaio antecipou, com a volta dos meninos do sub-20, que conquistaram o Sul-Americano da categoria no Peru, o São Paulo virou outro time em apenas dois jogos. Foram sete gols marcados e nenhum sofrido, algo que não acontecia faz muito tempo no Morumbi.
Lucas botou pilha naquele futebol burocrático, previsível e chato do técnico Paulo César Carpegiani e seus sub-40 liderados por Rivaldo e comandados pelo sub-80 Juvenal Juvêncio, o presidente que quer virar a mesa do estatuto do clube para se reeleger pela segunda vez.
Com sua mania de contratar veteranos em final de carreira e técnicos dóceis à diretoria, depois que demitiu Muricy Ramalho, Juvenal e seus diretores amestrados quase perderam Lucas, assim como deixaram escapar o meia Oscar, que era apontado como o novo Kaká e foi de graça para o Inter de Porto Alegre.
Até a semana passada, antes de fazer três gols e acabar com o jogo na final contra o Uruguai, ninguém dava bola para ele. Lucas ganhava salário (R$ 12 mil) e tratamento de juvenil, embora desde o começo do ano passado, com suas belas atuações na Taça São Paulo, ele já reunisse condições de ser promovido a titular da equipe, com a devida remuneração.
Dizem que a diferença entre o burro e o inteligente, como escrevi aqui outro dia, é só uma questão de timing: o primeiro leva mais tempo para descobrir o óbvio.
Só agora, quando perceberam que o empresário Wagner Ribeiro poderia levá-lo embora, sem pagar nada ao clube, caiu a ficha da diretoria e, de um dia para outro, Lucas passou a ganhar dez vezes mais, com o valor do seu passe passando a ser o segundo maior do país, só abaixo de Ronaldinho Gaúcho.
Os amigos de Juvenal poderão alegar que sob a sua direção o São Paulo conquistou títulos importantes (tri seguido do Brasileirão, uma Libertadores e um Mundial) e formou alguns craques como Breno, Oscar e Lucas em suas equipes de base no CT de Cotia.
Tudo bem, só que a lei tricolor não permite que ele seja novamente candidato e o caso foi parar na Justiça. Além disso, o São Paulo revelou um balaio de grandes jogadores e conquistou muitos títulos antes de Juvenal e certamente outros tantos virão para o Morumbi no futuro depois dele.
Mais do que ganhar títulos, o São Paulo tem tradição de democracia, de alternância no poder, o que o tornou um clube diferente dos outros. Não precisamos de um Ricardo Teixeira no Morumbi.
O belo futebol que vimos o São Paulo jogar na última semana é só o começo, tenho certeza, de um novo tempo. Dos cinco sub-20 que voltaram, três já entraram no time (Lucas, Casemiro e William José, que estreou no domingo e já marcou um gol) e ainda faltam Bruno Uvini (contundido) e o artilheiro Henrique.
Como vimos, jogador não falta mais para o São Paulo disputar todos os títulos este ano. Só falta agora aposentar alguns, junto com o presidente e, após a eleição de uma nova diretoria, procurar um novo técnico. Há esperanças.
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