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Ao término das eleições, testemunhamos manifestações contra o povo do Nordeste. Nas redes sociais digitais, de modo especial, a região foi tratada como estorvo nacional, suposto reduto de incapazes e preguiçosos, empenhados em garantir benefícios estatais. Sugeriu-se até a construção de uma muralha para dividir em dois o Brasil.
Isso reforça a necessidade de lembrarmos que o Nordeste é a região de crescimento mais acelerado, que hoje concentra 18% da massa de renda brasileira. Uma análise de fatos e números revela o Nordeste como excepcional laboratório da transformação social e econômica.
É importante ressaltar a importância do Programa Bolsa Família. Embora com baixo custo para o Estado, correspondendo a menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), o programa efetivamente serve como antídoto para a pobreza, além de estimular a manutenção de milhões de crianças na trilha do aprendizado formal.
O Nordeste é a região que mais soma beneficiários do Bolsa. São mais de 7 milhões de famílias. O programa e seus condicionantes certamente impactaram a região Nordeste positivamente nos últimos anos.
A escolaridade na região, por exemplo, tem crescido de forma significativa. Entre 2003 e 2013, registrou-se aumento de 22% na média de anos de estudo dos moradores do Nordeste. No período, a escolaridade média passou de 6,36 anos para 7,74 anos.
Outro fator decisivo na redução da pobreza é o aumento na oferta de postos de trabalho. No segundo trimestre de 2014, por exemplo, a economia do Nordeste foi responsável por dois terços dos empregos gerados no País, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
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Grandes projetos, como o Porto de Suape e a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, dinamizam a economia regional. Mas são apenas parte do processo. Nos últimos dez anos, o número de empresas no Nordeste cresceu 66%, muitas atraídas pela fartura de mão de obra e pela célere expansão dos mercados locais.
Nesse contexto, o Nordeste é hoje referência exemplar na redução da desigualdade entre regiões. No decênio que se findou em 2013, sete de seus nove estados cresceram mais do que a média brasileira.
No período, enquanto o Nordeste fez crescer em 98% sua massa de renda, o País como um todo registrou aumento de 75%. Em apenas dez anos, a renda média dos nordestinos avançou 70%. No Brasil de forma integral, o crescimento foi de 47%.
Vale destacar que, em 2003, 73% dos nordestinos pertenciam às classes D e E. Uma década depois, com o aumento da renda, esse grupo minguou para 42%. Ao mesmo tempo, a região se consolidou como vasto reduto de emergentes, que cada vez mais produzem e consomem.
Como resultado da mudança, reduziu-se o fluxo migratório. Entre 1995 e 2000, a região Sudeste recebeu cerca de 960 mil nordestinos. Entre 2004 e 2009, esse contingente foi de 440 mil. Em todos os estados do Nordeste, registra-se o retorno de cidadãos que por anos trabalharam em outras regiões do Brasil.
O Nordeste ainda enfrenta complexos desafios, da educação à saúde, da capacitação profissional à infraestrutura. Entretanto, é um lugar que gera soluções e multiplica oportunidades, não somente para a população local, mas para todos os brasileiros.
Caminhar com nordestinos é, portanto, sinal de bom juízo.
Essa e outras matérias estarão na próxima edição da Brasileiros
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