Design é projeto, não é ilustração. Em 60 anos de carreira, o paulistano Alexandre Wollner, 85, não cansou de defender esta ideia. Em entrevista recente, argumentou que fazer a capa de um livro, por exemplo, é ilustração, e que “design seria projetar o livro como objeto: fazer o tipo de letra adequado, usar o papel adequado, a tipografia e o formato certos…”. O design não está descolada da beleza, mas o pensamento de Wollner mostra uma convicção: não interessa nada fazer só coisas bonitinhas. As coisas devem ser úteis, inteligentes e ter função.
Wollner foi bem-sucedido em sua busca, e se tornou pioneiro do que se entende por design visual no Brasil. Entre outras coisas, criou o símbolo do banco Itaú, às famosas embalagens das sardinhas coqueiro e o antigo símbolo da Ultragaz. Agora, na celebração dos 60 anos de carreira, o designer ganha duas exposições, montadas nos dois países mais importantes para sua trajetória: em São Paulo, a Dan Galeria apresenta Série Constelações – Obras Recentes de Alexandre Wollner; em Frankfurt (Alemanha), o Museu de Arte Aplicada realiza a maior mostra já realizada sobre sua trajetória.
Pois foi na Alemanha, no período que passou na Escola Superior da Forma (1954 a 1958), em Ulm, que Wollner moldou sua linguagem – que já tinha começado a desenvolver no Brasil, ao lado do grupo Ruptura (que reunia os concretistas paulistas). Foi lá também que, segundo ele, entendeu a função do design, e aprofundou sua pesquisa baseada em traços geométricos, progressões e equilíbrio.
Nos anos seguintes, de volta ao Brasil, Wollner inaugurou com Geraldo de Barros (1923 – 1998) o Form-Inform, primeiro escritório de design do país. Em 1963, participou da estruturação e criação da Escola Superior de Desenho Industrial – ESDI, no Rio, e na década de 1960 abriu o próprio escritório de programação visual, onde desenvolveu (e segue desenvolvendo) logotipos para grandes empresas como Metal Leve, Eucatex e muitas outras.
Livro
Paralelamente à exposição em São Paulo, que vai até 18 de janeiro de 2014, a Dan Galeria lança o livro Concretos Paralelos: Construtivismo Britânico, Concretismo e Neoconcretismo Brasileiro, feito a partir de mostra realizada em 2012, que reuniu obras de Wollner, Geraldo de Barros, Hercules Barsoti, Lygia Clark, Sergio Camargo, entre outros. O livro tem design gráfico do próprio Wollner, além de textos de Ferreira Gullar, Maria Alice Milliet, entre outros.
Serviço – Série Constelações
Dan galeria (Rua Estados Unidos, 1638)
De seg. a sex., das 10h às 18h; Sáb., das 10h às 13h; até 18/1
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